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Governo de Moçambique reafirma retirada das bases da RENAMO

Bernardo Jequete (Chimoio)
6 de julho de 2017

Numa visita ao centro do país, autoridades desmentem RENAMO, que afirma que as suas bases continuam sob controlo das forças governamentais. MISA condena afastamento de dois jornalistas da visita organizada pelo Governo.

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Mosambik Sadjundjira Sicherheitskräfte attackieren Renamo Anhänger
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira

As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique reafirmam que os militares abandonaram as posições na região da Gorongosa, após o Presidente da República, Filipe Nyusi, ter ordenado a retirada das forças governamentais do centro do país onde se localizam as bases da RENAMO.  A garantia foi deixada pelos dirigentes militares, esta quarta-feira (5.07), durante uma visita organizada pelo Ministério da Defesa sobre a situação militar no centro do país.

Vários jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social em Moçambique e altas patentes das Forças de Defesa e Segurança visitaram Nhariroza e Lourenço, duas das oito posições instaladas pelas forças do Governo na serra da Gorongosa durante o conflito político-militar que teve início no final de 2015. O objectivo: verificar "in loco" se foram desativadas as posições dos militares moçambicanos nas bases da RENAMO, após o líder da oposição, Afonso Dhlakama, ter afirmado que todas as posições do maior partido da oposição na Gorongosa continuam sob o controlo das forças do Governo.

De regresso aos quartéis

Mosambik Afonso Dhlakama Führer der Oppositionspartei RENAMO 2013
Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, na GorongosaFoto: Getty Images/AFP

Em Nhariroza, a delegação não encontrou forças do Governo nas bases da RENAMO. Segundo o comandante das Forças de Defesa e Segurança da Gorongosa, Wandy Wan Bedford, todas as posições foram desativadas e os militares regressaram aos respectivos quartéis.

"Nhariroza foi uma das posições que nós conquistámos. Servia de base logística dos homens armados da RENAMO e já não está ocupada. As forças de Defesa e Segurança saíram no dia 26 de junho de 2017 e foram concentrar-se em Santunjira”, explica o comandante.

Wandy Wan Bedford considera que a RENAMO está a cair em "contradição”: "O Governo considera oito posições que foram criadas aquando da perseguição dos homens da RENAMO. As outras posições de que a RENAMO fala já existiam há muito tempo. Nós retiramos as forças das posições criadas aquando da perseguição dos homens armados da RENAMO".

Ainda no local, o comandante das Forças de Defesa e Segurança na Gorongosa adiantou aos jornalistas que 120 militares que estavam fixados nas duas posições na Gorongosa foram transferidos para outros locais.

A DW África tentou, sem sucesso, contactar a RENAMO em Manica para confirmar a retirada e consequente deativação das posições que haviam sido fixadas em Nhariroza e Lourenço.

Atentado à liberdade de imprensa?

6.07 Moçambique: Posições ocupadas ou desocupadas? - MP3-Mono

A visita para verificar a situação militar no centro do país está a gerar alguma polémica: dois jornalistas foram impedidos de integrar a delegação, segundo a Organização Não-Governamental de defesa da liberdade de imprensa, MISA Moçambique.

A ONG lamenta que dois jornalistas tenham sido impedidos de integrar a visita organizada pelo Ministério da Defesa. Benedito Cobrissua, do semanário Zambeze, e André Catueira, do semanário Savana e correspondente da agência Lusa, partiram com os restantes jornalistas da capital provincial, Chimoio, em direção à Gorongosa mas, mais tarde, já durante a viagem, foram impedidos de continuar a fazer parte da comitiva.

"Fui ao aeródromo de Chimoio e juntei-me ao grupo. Partimos de Chimoio em direcção à Gorongosa, só que, chegando ao Inchope, quando se ia fazer a permuta da escolta que seguiria o grupo, o adido de imprensa do Ministério da Defesa começou a perguntar aos jornalistas que quem era jornalista do MISA”, explica África André Catueira, que é também vice-presidente da ONG moçambicana.

Quando o jornalista respondeu que integrava o MISA, disseram-lhe que não poderia prosseguir com a delegação. "Procurei saber por que razões estava impedido de continuar a viagem e o adido de imprensa não deu detalhes. Supostamente, tinham sido dadas ordens superiores”, conta Catueira. "Ainda tentei perceber melhor este contexto. Foi quando ele disse que a agência Lusa estava impedida de fazer a viagem”.

O presidente do MISA Moçambique, Fernando Gonçalves, condena a atitude do Ministério da Defesa: "Condenamos todos os atos que atentam contra a liberdade de imprensa, contra a liberdade de movimentos de jornalistas. O MISA já fez questão de emitir um comunicado e pensamos que vamos continuar a tratar esses assuntos a esse nível".

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