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Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau apresenta demissão

António Rocha / LUSA / Braima Darame13 de dezembro de 2013

O ministro dos Negócio Estrangeiros do Governo de transição da Guiné-Bissau, Delfim da Silva, apresentou, na sexta-feira (13.12.), a demissão ao Presidente da República, noticiou a agência de notícias LUSA.

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Fernando Delfim da Silva
Foto: DW/B. Darame

Delfim da Silva disse que a demissão é "uma forma de protestar" contra o incidente de terça-feira (10.12) com um voo da TAP entre Bissau e Lisboa.

Recorde-se que nesse voo a tripulação foi obrigada por autoridades guineenses a descolar com 74 passageiros sírios portadores de passaportes falsos, mesmo depois de detetado o problema, o que levou a companhia aérea portuguesa a suspender os voos entre os dois países.

A demissão do chefe da diplomacia guineense surge por causa do incidente, "mas não é só isso", segundo disse o próprio Delfim da Silva à LUSA, referindo que outras situações têm ferido a credibilidade da Guiné-Bissau no exterior.

O ministro demissionário responsabiliza "gente ligada à imigração e segurança, que está relacionada com isto".

"Há cumplicidades", sublinhou, tendo explicado que "para aquela gente passar aqui uns dias e depois ir para Lisboa como foi é porque houve cumplicidade entre pessoas que tinham a obrigação de proteger o país e não protegeram", reforçou Delfim da Silva.

Reconquista da confiança internacional derrapa

O governante entregou a carta de demissão ao presidente de transição, Serifo Nhamadjo, e aguarda agora por uma decisão do chefe de Estado. Mas, seja como for, o ministro dos Negócios Estrangeiros pretende contudo continuar na atividade política.

Delfim da Silva destacou o facto de ter participado nos últimos meses em fóruns internacionais, em Nova Iorque e Paris, e considerou que o incidente desta semana arruína os esforços feitos nesses encontros para o país reconquistar a confiança internacional.

Entretanto, a transportadora aérea portuguesa decidiu realizar no sábado (14.12.) um voo especial para Dacar e já tem um avião fretado para assegurar a ligação a Bissau.

A companhia aérea portuguesa, que assegurava três voos semanais (segunda-feira, quinta-feira e sábado) para a Guiné-Bissau espera que "este voo especial resolva o transporte dos passageiros que tinham voo para ontem (12.12.) e para sábado (14.12.)", segundo fontes da TAP citadas pela LUSA.

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Avião da TAP, a transportadora aérea portuguesaFoto: DW/João Carlos

Instaurada comissão de inquérito

Fernando Delfim da Silva
Fernando Delfim da Silva durante a conferência de imprensa em que pediu demissãoFoto: DW/B. Darame

O Governo de Bissau criou uma comissão de inquérito que deve apresentar resultados até a próxima quarta-feira (18.12.).

A comissão foi criada por despacho do primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, e é composta por três elementos: o ministro da Justiça, Saido Baldé (que preside a comissão), um representante do ministério dos Transportes e outro do gabinete do chefe de Governo.

Não integram a comissão representantes dos ministérios do Interior (que tutela a segurança) e dos Negócios Estrangeiros, "por se considerar que já estão implicados no processo", explicou Saido Baldé à agência LUSA.

O ministro do Interior disse que a comissão reuniu-se pela primeira vez nesta sexta-feira (13.12.) e, de acordo com o despacho, deverá produzir resultados "no prazo de 48 horas, a contar a partir de segunda-feira. Só depois dos resultados Bissau apresentará o seu posicionamento sobre o assunto.

Guiné-Bissau uma rota de emigrantes

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Centro de Acolhimento de Refugiados em LisboaFoto: DW/João Carlos

Manuel Ennes Ferreira, investigador do Grupo África do Instituto Português de Relações Internacionais, considera que o caso configura "uma coisa pontual e mal calculada".

Em declarações à LUSA, ele admite, por outro lado, que, "dado o estado caótico do próprio Estado guineense, tudo é possível", e que a Guiné-Bissau pode estar já
servir de "plataforma para a imigração ilegal".

O investigador vê com bons olhos a suspensão das ligações entre Bissau e Lisboa e realça: "Uma coisa destas não podia passar em claro, é grave no sentido
da ilegalidade."

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Mas Manuel Ennes Ferreira destaca, "conclua-se o que se concluir", se os cidadãos em causa forem efetivamente sírios, o Estado português "deve atender a este lado
humanitário do pedido de refugiados, independentemente de eles até saberem
à partida, ou não, que era um esquema que não era bem legal".

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