Mineiros correm riscos em mina ilegal em Moatize
13 de outubro de 2014Chipanga 7 é o nome da mina ilegal de carvão em Moatize. Aqui, trabalham 80 pessoas, na sua maioria jovens de 16 a 35 anos. Dizem que por falta de emprego recorrem a esta atividade para a sobreviver.
Gildo Viagem, representante dos mineiros da mina do Chipanga 7, arredores da vila-sede de Moatize, diz que o trabalho é duro e não muito rentável.
"Não é rentável, só falta de emprego, por isso que agente está inclinado aqui. De resto, só consigo e comprar cadernos e lápis para os meus filhos," conta.
O carvão extraído na mina de Chipanga 7 é vendido no mercado local a preços que variam entre 400 e 600 meticais (correspondente a de 10 a 15 euros), por cada camioneta contendo de 3 a 7 toneladas do mineral. Os oleiros compram este carvão de baixa qualidade para a queima de tijolos.
Falta de segurança gera acidentes
Para além de moçambicanos, fazem parte do grupo dos operadores da mina de Chipanga 7 também malauianos, que entraram no país ilegalmente, pois não apresentam nenhum documento que lhes autorize a residir em Moçambique. A província de Tete faz fronteira com o Malaui, o que facilita a imigração.
Gildo Viagem observa que a convivência na mina é pacífica. No entanto, lamenta o fato de a mina não ser segura e de os mineiros não possuírem material de proteção. Conta que há registo de constantes desabamentos de terras, com maior frequência na época chuvosa.
Só nos últimos quatros anos, duas pessoas perderam a vida naquela mina. Morreram por causa de desabamentos de terras. Outras nove pessoas contraíram ferimentos graves.
"Um jovem estava a cavar, tinha uma árvore. Ele cortou e ficou um pedacinho, mas aquele pedacinho era grande. Ele cavou, cavou. Ele não estava bem atento, já não estava a ver. Aquilo caiu e bateu na coluna. Ele ficou mesmo aleijado," recorda.
Governo quer fim da extração ilegal
A administradora distrital de Moatize, Elsa Maria Barca, diz que o Governo de Moçambique está a tentar impedir a mineração ilegal.
"Não só pela extração ilegal, mas também por criar condições de qualquer dia desabar e desabar perante a comunidade que está lá a fazer esta extração. Então, estamos a trabalhar com as comunidades no sentido de desencorajar a continuação deste processo," afirma.
Esta medida do Governo não é bem acolhida pelos mineiros. Para eles, a sua saída da mina só poderá acontecer mediante o pagamento de uma compensação, frisa Gildo Viagem em representação dos mineiros.
"O Governo também tem que ver, essas pessoas para sairem daqui, temos que dar alguma coisinha," defende.
Entretanto, a administradora de Moatize garante que o seu executivo, junto das empresas de exploração mineira que operam na região, está a tentar criar alternativas para os jovens.
"Estamos a trabalhar no sentido de criar de projectos de renda para esta comunidade, para sairem desta prática ilegal de extração de argilas para o fabrico de tijolos e da extração ilegal do carvão," revela.