Militares da SADC combatem violência de género em Moçambique
13 de abril de 2023Por causa da violência terrorista, muitas pessoas viram-se obrigadas a sair das zonas de residência. Nos pontos onde encontraram refúgio, algumas delas têm sofrido abusos, refere o vice-chefe da missão militar da SADC em Moçambique, Kingstone Mazuba.
"A análise das tendências de incidentes de violência baseada no género de julho a dezembro de 2021, feita pelo ACNUR, indica que 100% dos sobreviventes que procuraram apoio do ACNUR e dos seus parceiros eram mulheres e raparigas. Isto demonstra a natureza profunda do problema e a urgência necessária para o resolver", revelou.
Para além de apoiar Moçambique no combate ao extremismo violento que afeta a província de Cabo Delgado, a missão militar da SADC diz estar empenhada em prevenir e combater a violência baseada no género no contexto do conflito que se vive há mais de cinco anos.
Consequências drásticas
Embora não tenha adiantado números de casos, nem entrado em detalhes sobre o tipo de violência infligida aos deslocados internos ou sobre quem são os agressores, Kingstone Mazuba referiu que a violência baseada no género tem consequências drásticas para as vitimas e apelou à adoção de medidas urgentes para eliminar o fenómeno.
"A violência baseada no género é uma questão de proteção da vida, saúde e direitos humanos que pode ter um impacto devastador nas mulheres e crianças, bem como nas famílias e comunidades", lembrou.
"Não ser alvo de violência é um direito humano fundamental, e a violência baseada no género mina o sentido de autoestima de uma pessoa. Afeta não só a saúde física, mas também a saúde mental e pode levar à automutilação, isolamento, depressão e tentativas de suicídio", sublinhou ainda o vice-chefe da missão militar
Mudar atitudes
A missão da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral em Moçambique (SAMIM) está a formar alguns líderes locais provenientes dos 17 distritos de Cabo Delgado. Após a formação, os chamados "campeões da mudança" na prevenção e resposta à violência baseada no género deverão assumir papéis cruciais na mudança de atitudes.
É um trabalho que implicará ajuda na organização de campanhas, educação entre pares e a inclusão de uma dimensão de igualdade de género em todos os aspetos das políticas educativas.
Além disso, deverão também desenvolver programas de empoderamento que reforcem a autoestima e a autonomia dos setores da população mais suscetíveis.
Outro problema que preocupa as autoridades locais é o rapto de crianças e raparigas na província. A diretora provincial de Género, Criança e Ação Social em Cabo Delgado, Regina Muankongue, pediu à população que ajude a estancar este fenómeno, tal como acontece no combate à violência baseada no género.
"Apelamos a toda a população para um maior envolvimento na vigilância popular, aproximando as autoridades governamentais e policiais sempre que notarem movimentos desconhecidas ou comportamentos e atitudes suspeitas."