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Milhares sem acesso a médicos devido a confrontos em Manica

Bernardo Jequete21 de julho de 2016

Tensão político-militar no centro de Moçambique força encerramento de pelo menos cinco centros de saúde na província de Manica.

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Foto: DW/B. Jequete

No centro de Moçambique, a tensão político-militar que se vive em vários distritos da província de Manica já obrigou ao encerramento de cinco centros de saúde. Pelo menos cinco mil pessoas estão sem acesso a cuidados médicos, segundo as autoridades.

Dos cinco centros de saúde fechados à chave, três são do distrito de Mossurize e dois do distrito de Báruè. Os profissionais de saúde abandonaram a zona por causa dos confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço armado do maior partido da oposição, a RENAMO. Os pacientes ficaram sem apoio médico.

"Vejam só! Há pacientes que estavam internados nas respectivas unidades sanitárias padecendo de diversas enfermidades, mas foram abandonados e forçados a irem às suas casas", reclama um morador que não quis ser identificado.

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Tal como os profissionais de saúde, centenas de populares procuraram refúgio nas sedes distritais e em Chimoio, a capital da província. Outros foram para o vizinho Zimbabué e para a África do Sul, deixando as casas ao abandono. Quem ficou vive com dificuldades e fala sob condição de anonimato, por temer represálias.

"Estamos a sofrer nesta região, homens armados estão a criar desordem e terror nas residências e alguns dos nossos companheiros estão a ser caçados e mortos. A maior parte da população está a fugir para locais seguros, e nós que nem temos familiares em locais seguros permanecemos aqui. Aquilo que for a acontecer nada podemos fazer".

Arranjar alimentos é também difícil. "Temos animais, alimentos por cuidar. Nossa riqueza é mesmo essa, nós vivemos na base da agricultura, mas dessa forma está a ser difícil ir à machamba lavrar a terra para produzir comida", diz um morador.

Posicionamento do governo

O director provincial de Saúde em Manica, Juvenaldo Amós Zacarias, garante que as autoridades tentam encontrar uma solução para o problema. Ao mesmo tempo, adianta que está a ser prestado apoio médico aos deslocados.

"Montamos um acampamento e uma equipa de saúde está no local para prestar todos cuidados de saúde para a população que abandonou os locais de confrontos", afirmou em entrevista à DW África.

Na zona afectada pelos confrontos, os populares esperam que o Presidente Filipe Nyusi e o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, se sentem finalmente à mesma mesa para chegarem a um acordo de paz definitivo.

"Gostaríamos que os mesmos acelerassem o processo do diálogo. Louvamos a iniciativa do Governo moçambicano por solicitar mediadores, porque o povo está a sofrer, morrer por causa de duas pessoas", afirma um morador.