Merkel e Putin: Conferência internacional pela paz na Líbia
11 de janeiro de 2020Logo na chegada a Moscovo este sábado (11.01), a chanceler alemã Angela Merkel enfatizou que a Alemanha e a Rússia teriam muitos interesses em comum. "Falarmos um com o outro é melhor do que falarmos um sobre o outro", disse Merkel.
Em conferência de imprensa conjunta com Merkel, após um encontro a portas fechadas, o Presidente russo Vladimir Putin, considerou que "a iniciativa da Alemanha de sediar uma conferência internacional sobre a Líbia em Berlim é oportuna", de acordo com a agência de notícias russa TASS.
"O mais importante é que as decisões devem ser negociadas num plano preliminar com as partes líbias", acrescentou.
Merkel afirmou esperar que os esforços russos para um cessar-fogo na Líbia levem ao sucesso. "Este tipo de conferência só pode ser o prelúdio para um processo mais longo", argumentou a chanceler.
A conferência seria realizada sob a liderança das Nações Unidas na primavera europeia, disse Merkel, acrescentando que era importante que os interesses do povo líbio continuassem a ser uma prioridade máxima.
A Turquia e a Rússia exortaram esta semana as partes beligerantes da Líbia a declararem um cessar-fogo no domingo (12.01) à medida que as facções beligerantes defrontavam-se e realizaram ataques aéreos em um conflito que atrai cada vez mais envolvimento e preocupação internacionalmente. Entretanto, o marechal Khalifa Haftar rejeitou na noite desta quinta-feira (09.01) o cessar-fogo sugerido por Ancara e Moscovo
As conversações no Kremlin tiveram como foco também os conflitos na Síria e a situação no Irão.
Tensões entre EUA e Irão
As tensões entre o Irã e os Estados unidos têm estado altas nas últimas semanas, após o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani.
A Rússia também condenou o assassinato do general iraniano como "imprudente" - e tem apoiado repetidamente o Irão no seu confronto contínuo com os EUA.
Este sábado em Moscovo, a chanceler alemã Angela Merkel saudou o Irão ter admitido ter sido responsável pela queda do avião ucraniano de passageiros em Teerão que deixou 176 mortos, na pasaada quarta-feira (08.01).
"É bom que os responsáveis sejam conhecidos", disse Merkel.
"Mas continua a ser um incidente dramático", acrescentou a chanceler alemã, sublinhando que pessoas inocentes morreram e que o Irão tem agora de procurar incessantemente esclarecimentos.
Acordo nuclear
Merkel repetiu ainda um apelo a todas as partes para que respeitem o acordo nuclear iraniano, apesar da decisão do Irão de intensificar o seu enriquecimento de urânio e de movimentos dos Estados Unidos para impor sanções económicas.
"Concordámos que devíamos fazer tudo para preservar o acordo. A Alemanha está convencida de que o Irão não deve adquirir ou ter armas nucleares", revelou.
"Por esta razão, continuaremos a empregar todos os meios diplomáticos para manter vivo este acordo, que certamente não é perfeito, mas é um acordo e inclui compromissos de todos os lados", defendeu a chanceler alemã.
Conflito na Síria
No que se refere ao compromisso da ONU de fornecer ajuda humanitária à Síria, criticado como insuficiente pelas organizações de ajuda, Merkel afirmou "estar contente" por na noite passada ter sido possível fazer pelo menos duas travessias humanitárias em direção a Idlib, "porque lá há uma grande necessidade".
Ela espera que seja possível enviar ajuda humanitária também para o nordeste da Síria "Também aí há disposição para continuar as negociações", afirmou.
Entretanto, dezoito civis foram mortos este sábado (11.01), quando o Governo sírio lançou ataques aéreos na região de Idlib – o último reduto da oposição no país - apesar de um cessar-fogo acordado pela Turquia e pela Rússia.
Dezenas também ficaram gravemente feridas nos ataques, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
Temas bilaterais
As diferenças nas relações bilaterais, tais como o conflito no leste da Ucrânia, não foram abordadas no encontro.
Os dois chefes de Estado discutiram, entretanto, as perspectivas para o gasoduto Nord Stream 2 que enviaria gás russo para a Alemanha. As sanções dos Estados Unidos têm obstruído a construção do oleoduto. O Presidente russo disse esperar que a construção seja concluída até o final de 2020 ou no primeiro trimestre de 2021 e que o gasoduto entre, então, em operação.
Merkel visitou a Rússia pela última vez em 2018 e esteve na capital russa, em maio de 2015, para a comemoração do para a comemoração do 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.