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MDM: Ainda falta "paz verdadeira" em Moçambique

Lusa | ms
4 de janeiro de 2017

Apesar da trégua de dois meses agora anunciada, o líder do MDM, o terceiro maior partido moçambicano, considera que ainda há "desafios para alcançar a paz verdadeira". Daviz Simango insiste em revisão da Constituição.

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Foto: DW/J. Beck

"Primeiro é preciso compreender se, com essas tréguas, estamos a atacar o essencial", disse o líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), em conferência de imprensa, na terça-feira (03.01) na sede do partido na cidade da Beira.

Daviz Simango insiste, por isso, na revisão da Constituição da República, que considera ser a raiz do problema, por não se adequar à conjuntura económica e política do país. "O grande problema dos conflitos políticos e económicos que hoje atravessamos estão em torno da nossa Constituição. Neste momento há que adequar e adaptar a nossa Constituição à dinâmica de Moçambique", defendeu, recordando as propostas do seu partido sobre redução dos poderes do chefe do Estado, a eleição dos governadores provinciais e a descentralização.

"O problema de descentralização é um problema do país, é um problema de todos nós e não pode ser discutido por dois partidos, portando estamos a cometer um erro grave naquilo que é o futuro da estabilidade do país", observou o líder político, acrescentando que enquanto estes temas não forem revistos na lei fundamental, "vai continuar a haver conflitos".

Falta de clareza

O líder do MDM disse que o país foi surpreendido com o anúncio de uma trégua de uma semana a 27 de dezembro, agora prolongada para 60 dias, sem clareza sobre os princípios das negociações que deviam ser regidos pelo Parlamento. "O que terá acontecido com os princípios que deveriam ter ido a Assembleia da República?", questionou Simango. 

Afonso Dhlakama und Filipe Nyusi Mosambik
Afonso Dhlakama e Filipe Nyusi chegaram a acordo sobre prolongamento da tréguaFoto: AFP/Getty Images/S. Costa

O autarca da Beira referiu que, em sede de diálogo entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), foi aprovada uma resolução com sete princípios que devia ser remetida para a Assembleia da República até novembro, prevendo-se que fosse debatida até 15 de dezembro, o que não aconteceu.

Simango acrescentando que "nesta suposta trégua" de uma semana aconteceram incidentes. "Houve compatriotas nossos que morreram por balas e esses incidentes não são tornados públicos", declarou.

O líder da RENAMO anunciou terça-feira (03.01) o prolongamento por 60 dias da trégua temporária declarada há uma semana, para dar tranquilidade às negociações de paz em Moçambique. "Esta trégua ou prorrogação é para criarmos um ambiente favorável para podermos assegurar o diálogo aí em Maputo", declarou Afonso Dhlakama.

O segundo anúncio de trégua surge um dia após ter mantido uma conversa por telefone com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para fazer o balanço da cessação de hostilidades de uma semana.