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Mbanza Congo: Munícipes querem mais valorização da cz

8 de janeiro de 2022

O centro histórico da cidade de Mbanza Congo, em Angola, foi classificado como Património da Humanidade pela UNESCO a 08 de julho de 2017. No dia Nacional da Cultura, munícipes pedem maior valorização dos monumentos.

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Angola Provinzhauptstadt Mbanza Kongo
Foto: DW/B. Ndomba

A antiga capital do Reino Kongo, Mbanza Congo, é hoje uma referência histórica mundial, depois de ter sido elevada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) à categoria de Património Cultural da Humanidade, em 2017.

No dia Nacional da Cultura em Angola, a DW África saiu à rua para ouvir munícipes sobre o estado atual  da cidade e quanto à valorização dos monumentos.

Para André Makando, os sítios históricos da cidade de Mbanza Congo têm sido bem conservados mas acredita que é possível "fazer mais”.

"O nosso governo tinha que fazer o bom uso destes monumentos para angariar mais fundos”, salienta o munícipe.

A estudante Laurinda Jovita salienta a importância dos monumentos e defende a sua valorização.

Angola | Büste von Dom António Manuel
Busto de Dom António Manuel, recentemente inaugurado na cidade de Mbanza CongoFoto: Firmino Chaves/DW

"Esses monumentos têm uma importância histórica para o nosso município e não só, porque ajudam a promover a nossa cultura. Não tem sido fácil a 100%, porque de quando em vez é necessário cumprir algumas tradições para chegar a estes lugares. Para a sua conservação, a meu ver, o governo tinha que levar a cabo campanhas de sensibilização com a sociedade sobre a valorização destes monumentos e garantir que os locais estejam sempre limpos”.

Fontes abandonadas

Mbanza Congo, também é circundada por doze fontes de água que fazem parte dos monumentos e sítios desta secular cidade.

Seleka Diabonda, outro munícipe que falou à DW, lamenta o estado atual das fontes.

"Uma vez que o povo já tem água a jorrar das torneiras, essas fontes foram totalmente abandonadas. Anteriormente a água dessas fontes foi a mais consumida pela população”.

Desde a elevação da cidade de Mbanza Congo a Património Mundial foram realizados concursos públicos para a requalificação de quatro das 12 fontes, mas até então pouco ou nada se fez.

O administrador municipal de Mbanza Kongo, Manuel Nsyansoki, explica as razões.

"Tivemos quatro projetos para requalificação de quatro fontes: fonte Santa, fonte Ntetembua, Kilumbo e Madungu. Os concursos públicos foram feitos, as empresas venceram e estávamos a aguardar apenas a alocação das verbas para arrancar com as obras. Entretanto chegou a pandemia e como são obras de valores avultados foram suspensas. Continuamos a aguardar a reativação”, justifica.

Angola | Fonte Santa in Mbanza Congo
Fonte Santa remetida ao abandono Foto: Firmino Chaves/DW

Recuperação de peças museológicas

O governo angolano tem estado a trabalhar na recuperação de algumas peças museológicas desaparecidas durante o período colonial e ao longo da luta armada.

O coordenador provincial do núcleo das autoridades tradicionais, Afonso Mendes, lança o apelo.

"Quem é angolano e levou uma das peças, guardou em casa para depois revender é bom que devolva para o nosso património. E se for estrangeiro que estava cá no nosso país durante o conflito armado e que levou algumas peças, é bom que apresente essas peças. É bom que se venham apresentar”.

Urbanização da cidade

A urbanização da cidade de Mbanza Congo também é um problema a ser vencido.

O diretor adjunto do Património Nacional, Emanuel Caboco, garantiu que, do novo plano urbanístico para o quadriénio 2022-2026, constam ações de disciplina urbanística.

"Neste novo plano vamos apertar mais as questões ligadas à disciplina urbanística, a forma como a cidade deve desenvolver-se, crescer e modernizar-se, os equipamentos necessários para o desenvolvimento sustentável do próprio sítio, etc. Vamos procurar ter maior engajamento do ponto de vista institucional e financeiro, quer por parte do governo angolano quer internacionalmente.”

Já Charles Kibodé, consultor da Unesco para o Património Mundial, afirmou ser necessário trabalhar na dinamização do imaginário coletivo.

"Temos de apostar numa nova Economia, a economia do turismo cultural, investir na economia criativa, por exemplo trabalhar sobre a questão do artesanato, potenciar a juventude para multiplicar o saber tradicional e tentar exportar até os nossos produtos”.