Massagre de Homoíne: 37 Anos de luto em Moçambique
19 de julho de 2024O massacre ocorreu no dia 18 de julho de 1987, durante a guerra civil entre as forças governamentais e a guerrilha da RENAMO, que se prolongou por 16 anos. Naquele sábado, os residentes da vila de Homoíne acordaram sob o som de disparos, resultando em centenas de mortes e na destruição de inúmeras casas.
Hussen Algy, um dos sobreviventes, relembra a data com grande tristeza:
"No dia do massacre, perdi os meus familiares: o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e a minha namorada, num total de 17 pessoas que estavam refugiadas em nossa casa. Eu consegui escapar pela janela quando vi os militares."
Florêncio Vuma, outro sobrevivente, afirma que jamais esquecerá o dia.
"Falar do massacre de Homoíne é relembrar uma história trágica para a humanidade, especialmente para nós, residentes de Homoíne. Contabilizámos 428 pessoas mortas naquela data."
Florêncio António descreve o caos vivido durante o socorro dos militares governamentais. "Quando o BTR chegou de Tchuwane, qualquer pessoa na vila era alvejada, sendo confundida com guerrilheiros da Renamo. Após a calma, começaram a recolher os corpos, muitos dos quais irreconhecíveis."
Jovial Setina, presidente do conselho municipal de Homoíne, anunciou à imprensa que o Governo está a planear erguer um monumento em memória dos assassinados. "Reconhecemos esta data do massacre de Homoíne como se fosse ontem, é uma dor que não passa. Estamos a planear a construção do monumento e a formação de jovens para que, no futuro, possam explicar o que aconteceu no dia 18 de julho."
Na vila de Homoíne, existem valas comuns onde repousam mais de trezentos corpos não reclamados, sendo os restantes enterrados em cemitérios familiares.