Manuel Chang será extraditado para Moçambique
21 de maio de 2019O antigo ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang, detido na África do Sul desde dezembro no âmbito do caso das dívidas ocultas, vai ser extraditado para o seu país, anunciou esta terça-feira (21.05.) o ministro da Justiça sul-africano.
"Eu decidi que o acusado, o senhor Manuel Chang, será extraditado para enfrentar julgamento pelos seus alegados crimes em Moçambique", disse o ministro da Justiça e Serviços Correcionais da África do Sul, Michael Masutha, citado num comunicado divulgado pelo Ministério da Justiça e Desenvolvimento Constitucional.
De acordo com a mesma nota, o governante sul-africano teve em conta que "o acusado é cidadão da República de Moçambique", que "o alegado crime foi cometido enquanto ele era ministro de Estado" moçambicano e que a "dívida onerosa para Moçambique resultou da alegada fraude".
Por outro lado, o Governo sul-africano teve ainda em consideração a "submissão feita pelo senhor Chang para ser extraditado para o seu país natal", o "interesse dos Estados [Estados Unidos da América e Moçambique] envolvidos" e a "seriedade do alegado crime".
"Tomei nota que o pedido feito pelos Estados Unidos da América foi submetido algumas semanas antes do da República de Moçambique. No entanto, tendo considerado o assunto no seu contexto total, tendo em conta os critérios previstos quer no Tratado de Extradição EUA-África do Sul, por um lado, e no Protocolo sobre Extradição da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC [na sigla em inglês]), pelo outro lado, bem como os factos relevantes, acredito que o interesse da justiça será mais bem servido acedendo ao pedido da República de Moçambique", adianta Michael Masutha, na mesma nota.
Pedido feito pelos EUAA decisão sobre a extradição de Chang, pedida pelos EUA e por Moçambique, cabia ao ministro da Justiça, a quem foi remetida pelo Tribunal de Kempton Park, arredores de Joanesburgo, que considerou em abril que o antigo governante moçambicano e atual deputado da FFRELIMO (partido no poder em Moçambique) podia ser extraditado.
O ex-ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, três ex-banqueiros do Credit Suisse e um mediador da Privinvest foram detidos em dezembro a pedido da justiça norte-americana.
A investigação alega que a operação de financiamento de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) para criar as empresas públicas moçambicanas Ematum, Proindicus e MAM durante o mandato do Presidente Armando Guebuza é um vasto caso de corrupção e branqueamento de capitais.
Em fevereiro, foram detidas várias figuras públicas pela justiça moçambicana - entre as quais pessoas próximas do ex-chefe de Estado moçambicano - que tinha o caso aberto desde 2015, mas sem nenhuma detenção.
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