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Manifestações marcam processo eleitoral no Chade

Dariustone Blaise / Glória Sousa8 de abril de 2016

O Chade vai a eleições presidenciais no próximo domingo (10.04). Há 25 anos no poder, Idriss Deby é apontado como o favorito entre 14 candidatos. O chefe de Estado enfrenta contudo um crescente descontentamento.

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Idriss Deby Itno, Presidente do ChadeFoto: Getty Images/AFP/J. Demarthon

Na cena política internacional, o Presidente chadiano Idriss Deby tem conquistado boa reputação. É encarado como um elemento importante na luta contra o grupo terrorista nigeriano Boko Haram, assim como um forte aliado à força militar francesa no Mali e preside atualmente a União Africana.

Idriss Deby pretende conquistar mais um mandato de cinco anos na presidência do Chade. No entanto, ao contrário do último pleito, em que Deby triunfou sem dificuldades, desta vez a oposição não vai boicotar. O Presidente enfrenta 13 candidatos e é alvo de protestos nas ruas.

As manifestações foram desencadeadas por um grupo de meninas que foram abusadas por pessoas ligadas ao poder.

Idriss Deby forte e firme

Doppelanschlag in Tschad
Os ataques do Boko Haram estendem-se também ao ChadeFoto: Reuters/M. Ngarmbassa

Zouhoura de 17 anos lidera esses protestos e ralata: “Despiram-me, fizeram fotos e começaram a rir-se de mim. Disseram-me para não contar nada senão iriam repetir o que me fizeram e publicar as fotos nas redes sociais. Mas logo que cheguei a casa, contei aos meus pais.”

Zouhoura foi à polícia e os agressores colocaram as imagens na internet. O que gerou protestos nas ruas de N’Djamena e um estudante foi morto a tiro pela polícia. O incidente mostra o descontentamento com Idriss Deby, há 25 anos no poder.

O Presidente resistiu a várias tentativas de destituição e permanece firme no poder. Na campanha para a reeleição, Idriss Deby prometeu mais democracia. Mas fora dos palanques, conta com o apoio do exército para manter a unidade num país com mais de 20 grupos étnicos. Exército que apoia a operação militar no Mali e o combate ao grupo radical nigeriano Boko Haram. Para o Ocidente é a única força regional capaz de representar um desafio sério à ameaça terrorista.

No entanto, Idriss Deby parece incapaz de conter o crescente descontentamento no país. Face às manifestações, as autoridades respondem com detenções arbitrárias e proibição de associação em público.

Detenção de opositores

Para Mahamat Nour Ahmed Ibedou, ativista e líder do movimento “Chega é chega”, é hora de Deby deixar o poder: “Ele está há 25 anos no poder. Achamos que já chega, principalmente tendo em conta o balanço que achamos que é catastrófico. Não queremos que Deby faça sofrer a população por mais cinco anos.”

Ibedou foi detido juntamente com outros três ativistas por ter organizado protestos contra o regime. Será levado a tribunal na próxima quinta-feira (14.04).

No país, sobe o custo de vida para os chadianos, porque a atividade do grupo Boko Haram está a bloquear o comércio com os países vizinhos. A guerra contra os terroristas está também a consumir fundos públicos que poderiam ser usados em prol do desenvolvimento do país. E a queda do preço do petróleo nos mercados internacionais também fez diminuir as receitas nos cofres do Estado.

Para Gali Ngothe Ghatta, da oposição, o Presidente deve deixar as soluções militares e acrescenta que “aquele que quer governar o Chade e não colocar a educação como a prioridade das prioridades então não compreende nada. Porque um povo analfabeto é também um povo que não pode progredir.”

Aos 63 anos de idade, o Presidente Idriss Deby garante que, se for eleito, o quinto mandato será o último no comando dos destinos do Chade.

Tschad Proteste Zivillgesellschaftsorganisationen und Opposition
ONGs da sociedade civil local numa manifestação contra o regimeFoto: DW/D. Blaise

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