Manifestantes em São Tomé e Príncipe pedem eleições antecipadas
"Povo põe, povo tira", "Pinto escuta o povo" ou "chega de manobras" eram algumas das palavras de ordem que se podiam ler nos cartazes dos manifestantes que se juntaram esta quarta-feira (05.12) na capital de São Tomé e Príncipe.
"O povo tem o direito de manifestar o seu desagrado", dizia um dos manifestantes. "Se não houver esta manifestação, isso quer dizer que o povo consente, mas o povo não deve consentir".
Eleições antecipadas
A manifestação foi convocada pelo partido Ação Democrática Independente, ADI, o partido que sustentava o governo de Patrice Trovoada.
Para Levy Nazaré, secretário-geral do partido, realizar eleições antecipadas não é uma reivindicação exclusiva do ADI e esta manifestação seria a prova disso:
"É uma vontade do povo de São Tomé e Príncipe e o Presidente da República tem de escutar o seu próprio povo", explicou Nazaré. "O Presidente da República disse que, se o ADI tem povo, os outros partidos também têm povo. Então vamos para as eleições para saber quem é que o povo quer para governar."
"É possível ultrapassar a crise política"
No final da noite de terça-feira (04.12), os são-tomenses receberam a confirmação oficial de que o Governo de Patrice Trovoada tinha sucumbido à moção de censura votada e aprovada na quarta-feira, dia 28 de novembro.
De acordo com o comunicado onde se anunciava a demissão, lido pelo chefe da Casa Civil são-tomense, o governo demissionário continuará em exercício até que um novo primeiro-ministro tome posse.
Nas palavras do presidente da República, Manuel Pinto da Costa, falharam todas as formas possíveis para que fosse encontrado um consenso entre as quatros forças políticas com assento parlamentar.
"Nesta situação, e tendo em conta o superior interesse nacional, decidi convidar o partido ADI a formar um novo governo, no atual quadro parlamentar. Estou convencido que é possível ultrapassar a crise política com um mínimo de custos para o país e dar mais uma vez um sinal claro de que estamos à altura para ultrapassar todas as dificuldades", disse Pinto da Costa.
O ADI tem até amanhã para apresentar um novo primeiro-ministro com sustentabilidade parlamentar. Um prazo que o secretário-geral, Levy Nazaré, considera inaceitável.
"24 horas para escolher um novo primeiro-ministro e para apresentar sustentabilidade parlamentar? Onde é que nós estamos?", criticou Nazaré. "Nós já não estamos nos tempos antigos!"
Autora: Edlena Barros (São Tomé)
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha