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Como será o Natal de milhares de idosos sem subsídios?

Bernardo Jequete (Chimoio)
19 de dezembro de 2023

Mais de 43 mil idosos estão há 11 meses sem o subsídio social básico, na província de Manica. Alguns vivem de frutos silvestres e mangas. Com as festas à porta, os beneficiários pedem ao Governo que faça os pagamentos.

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Beneficiários de apoio social aguardam pagamentos
Foto: Bernardo Jequete/DW

Os idosos recebem mensalmente entre 540 e 1000 meticais (entre 7 e 14 euros). O valor atribuído varia consoante o número de pessoas do agregado familiar. À DW, alguns beneficiários contam que é com esse subsídio que conseguem colocar pão na mesa.

Mas há 11 meses que estão sem receber esse dinheiro, denunciam os beneficiários, sob condição de anonimato: "Nós agora estamos a viver de qualquer maneira, não temos meios. Estamos a viver de mangas."

Esta beneficiária do Programa Subsídio Social Básico em Manica, de 66 anos de idade, diz que não tem capacidade para fazer negócio ou cultivar alguma coisa para comer. Não tem filhos crescidos, vive apenas com netos, menores de idade. E está dependente do apoio do Governo. Conta que a quadra festiva que se aproxima será particularmente complicada.

"Será que nestas festas de 25 de dezembro, que é o Dia da Família, e na passagem do ano, vamos viver de mangas? Nós, às vezes, mandamos parar as pessoas para pedir favores, para nos alimentarmos. Será que vamos passar assim desta maneira?", questiona.

Outro entrevistado, de 69 anos de idade, disse que o valor do subsídio - mesmo sendo pouco - tem ajudado muitas famílias: "Nós estamos aqui na rua todos os dias a pedir esmola. [O Governo] não nos quer dar nada".

Mosambik Ältere Menschen warten in Manica auf Unterstützung
Normalmente, os idosos são sujeitos a longas esperas para receberem os subsídiosFoto: Bernardo Jequete/DW

Por isso, apela ao Executivo para, pelo menos, pagar alguns dos meses em falta, para se poderem alimentar, principalmente nesta quadra festiva.

"Estamos a pedir - a partir de agora, o ano já acabou - para nos darem o nosso dinheiro. Nós queremos dinheiro este mês, estamos a pedir o favor de repararem em nós. Também queremos dinheiro para passarmos as festas e o fim do ano e comermos como vocês vão comer nas vossas casas".

Governo pede calma e paciência

João Manuel, delegado do Instituto Nacional de Ação Social (INAS), delegação de Báruè, reconhece o atraso no pagamento no subsídio, há 11 meses. E garante que o Governo não se esqueceu dos beneficiários. Mas, segundo o responsável, falta dinheiro de momento.

Sem avançar datas, disse que o Governo central está a fazer tudo para que os subsídios sejam pagos. Por isso, pede calma e paciência.

"Desde janeiro até ao presente mês [dezembro], estamos meio condicionados por causa de desembolsos, mas esforços estão sendo envidados na província e a nível central no sentido de ter recursos por forma a cobrir as despesas ligadas a esses programas de proteção social", justifica.

Instado a comentar a falta de pagamento do subsídio social básico, o secretário de Estado na província de Manica, Fernando Bemane de Sousa, disse que vai averiguar o caso. Assegurou ainda que o Estado poderá pagar assim que se identificar o problema.

"Nós vamos ver porque é que não receberam e como fazer para podermos reativar isso. Estamos a trabalhar no assunto", garante.

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