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Coligação de partidos vai formar "governo civil" no Mali

Lusa
23 de fevereiro de 2022

Uma coligação de oito partidos do Mali que se opõem à junta militar no poder anunciou, em Abidjan, pretende formar um governo civil de transição em 27 de fevereiro, para organizar eleições num "período de seis meses".

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Cargo de Presidente é atualmente ocupado pelo líder da junta militar, coronel Assimi Goïta (à dir.)
Cargo de Presidente é atualmente ocupado pelo líder da junta militar, coronel Assimi Goïta (à dir.)Foto: Primature du Mali

"Vamos formar a partir de 27 de fevereiro à meia-noite um governo civil de transição que levará o país às eleições gerais dentro de seis meses", declarou Ainea Ibrahim Camara, presidente da coligação do Movimento Faso Dambe (MFD, "a honra da pátria", em bambara), em Abidjan, na Costa do Marfim.

O movimento convocou comícios para domingo "em todas as grandes cidades do país", porque "a maioria dos malianos não concorda com a junta", segundo disse Ibrahim Camara, citado pela agência France-Presse.

A data de 27 de fevereiro corresponde à inicialmente fixada pelos militares que tomaram o poder em agosto de 2020 para o regresso à ordem constitucional, mas que não respeitaram.

Como vai ficar o combate ao terrorismo no Sahel?

Na segunda-feira (21.02), o órgão legislativo do Mali, controlado pelos militares desde o golpe de 2020, endossou um período de transição de até cinco anos para as eleições e o retorno à governação civil do país.

Um atraso "totalmente inaceitável" para a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que impôs sanções ao Mali em 9 de janeiro, com um embargo comercial e financeiro e o fecho de fronteiras.

O líder do MFD disse querer reconstituir "as relações cordiais" que o país sempre teve com os "vizinhos da CEDEAO" e com todos os seus parceiros.

Retirada de tropas europeias

A mesma fonte considerou ainda "lamentável" a anunciada retirada da força francesa Barkhane do Mali por causa das tensões entre a junta no poder em Bamako.

A França e os seus parceiros europeus anunciaram na semana passada a retirada dos seus soldados envolvidos na luta contra o jihadismo.

A União Europeia (UE) tem 600 pessoas em duas missões de formação, incluindo uma militar, no Mali, enquanto a missão das Nações Unidas (Minusma), criada em 2013, emprega mais de 12.000 soldados.

O Mali, um país pobre e sem litoral no coração do Sahel, assistiu a dois golpes militares em agosto de 2020 e maio de 2021 e está mergulhado numa grave crise de segurança desde 2012, associado a insurreições 'jihadistas' no norte.