Líderes unidos em Kigali lançam passaporte único africano
19 de julho de 2016O chefe de Estado do Chade, Idriss Deby, que presidiu à cimeira da UA, e o Presidente de Ruanda, Paul Kagame, anfitrião da cimeira que terminou esta segunda-feira (18.07), receberam os primeiros passaportes.
Para já, o documento está apenas disponível para chefes de Estado e delegados da UA e mais tarde será atribuído também a ministros dos Negócios Estrangeiros. Não foi, no entanto, revelado se e quando os cidadãos comuns do continente vão ter direito ao documento.
Ideia causa algum ceticismo
Embora alguns africanos estejam otimistas quanto à ideia de um passaporte único no continente, outros estão em dúvida quanto à eficácia da medida.
"Eu não acho que o passaporte venha a trazer algo de bom, pelo contrário, acho que vai trazer complicações no futuro", diz Asrat Tasse, politico etíope de Addis Abeba.
O nigeriano Pedre Igbama quer ver para crer: "Uma coisa é fazer um anúncio político, outra coisa é de facto aplicar o que foi anunciado. Por um lado, é uma boa política porque poderá trazer avanços económicos e irá integrar os diferentes Estados. Mas os Governos de todos os países devem aplicar medidas para que a ideia possa funcionar muito bem".
Sudão do Sul em discussão
Outro assunto em cima da mesa, na segunda-feira, no último dia da cimeira da União Africana, em Kigali, foi a situação no Sudão do Sul.
De acordo com Smail Chergui, comissário para a paz e segurança da UA, os líderes africanos aprovaram a proposta de envio de uma força regional para o país com um mandato mais robusto do que a atual missão de paz das Nações Unidas no terreno.
"Também decidimos pedir a observação do cessar-fogo e a criação de corredores humanitários para ajudar as pessoas que necessitam. Há a ideia de promover o envio de uma força africana no âmbito das Nações Unidas. Todas essas questões foram aceites pela a cimeira da união", explicou.
O cessar-fogo imposto no Sudão do Sul há uma semana terminou com quatro dias de violentos confrontos entre as forças leais ao Presidente Salva Kiir e as tropas do vice-presidente Riek Machar. Pelo menos 300 pessoas morreram e quase 40.000 ficaram deslocadas.
Os últimos episódios de violência aumentam o receio de um eventual regresso à guerra civil que começou em dezembro de 2013. Dezenas de diplomatas foram retirados do país, segundo as agências de notícias internacionais.
A eleição do novo presidente da comissão da UA foi adiada para janeiro de 2017, já que nenhum dos três candidatos conseguiu o apoio da maioria na cimeira de Kigali.