Líbia promove campanha de desarmamento
1 de outubro de 2012A campanha líbia "Apoie o seu exército e torne o seu país seguro, entregando a sua arma" tem o objetivo de travar a proliferação de armas no país, com recolhas em Trípoli e Bengazi.
Desde sábado (29.09), armas estão a ser entregues em troca de rifas que dão direito à participação num sorteio de prêmios, incluindo dois carros, no final da campanha.
A iniciativa tem lugar uma semana depois de o Congresso Nacional, a mais alta autoridade líbia, ter ordenado o desmantelamento das milícias ilegais. O novo governo tenta restabelecer a segurança na Líbia, uma tarefa dificultada pela posse ilegal de milhares de armas, herança da revolta contra o regime de Mouammar Kadhafi e dos confrontos entre milícias rivais.
Reflexo na população
De acordo com as estimativas internacionais, ainda estão em circulação na Líbia mais de 200 mil armas. Desde o início da ação, cerca de 800 armas ligeiras, 200 granadas, 100 minas terrestres, 20 mil munições, 6 mísseis e um tanque foram entregues às forças armadas líbias.
Um ex-portador de uma AK47 explicou à DW as razões que o levaram a participar na iniciativa: "Quero que o nosso país fique mais seguro, porque quero paz. Não queremos mais ter armas em circulação. Só queremos viver a nossa vida de maneira pacífica. Acabou. Livramo-nos do tirano [o ex-líder líbio Mouammar Kadhafi]. Não precisamos mais de armas."
A ação de recolha de armamento ainda não tem data para terminar. É apoiada não só pelo exército mas também pela polícia, pelo Ministério das dotações religiosas e por organizações da sociedade civil.
O poder bélico
Recorde-se que no passado dia 11 de setembro um ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bengazi matou quatro norte-americanos, incluindo o embaixador dos Estados Unidos, Christopher Stevens. O atentado deu origem a inúmeros protestos anti-milícias, pressionando as autoridades líbias a travar a insegurança.
De acordo com o exército, ao participar da iniciativa de entrega de armas, os cidadãos estão a ajudar a estabilizar o país e a construir as instituições estatais.
O exército já afirmou estar surpreendido com a grande adesão à iniciativa. As contribuições de centenas de cidadãos representam apenas uma pequena parte das armas ainda em circulação na Líbia. Mesmo assim, a ação é vista como um passo em frente, num país onde muitos ainda justificam a posse de armamento com a insegurança.
De acordo com os organizadores, esta não será a única ação de recolha de armas. Da próxima vez, deverão estar inclusas na campanha também outras cidades líbias.
Autores: Peter Steffe / Maria João Pinto
Edição: Bettina Riffel / António Rocha