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Luta anti e pró referendo constitucional no Egito segue renhida

Silva-Rocha, Antonio13 de dezembro de 2012

No Egito, a dois dias do controverso referendo constitucional, os pró e anti-Morsi continuam a fazer campanha. A oposição apelou ao voto "não" e exige também a votação num único dia, mas a comissão eleitoral rejeita.

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Adversários e apoiantes do projeto de Constituição no Egito intensificaram esta quinta-feira (13.12) as suas respetivas campanhas. Isso acontece a menos de 48 horas do referendo sobre este contestado texto, depois de várias semanas de grandes tensões que algumas vezes se degeneraram em atos graves de violências.

Um dos descontentes ouvido pela DW reclama: "Prometeram-nos liberdade e justiça, mas não cumpriram. Por isso vamos continuar com as manifestações."

Outro egipcío acha que o sufrágio é a solução: "Devemos ir todos às urnas e votar não."

Para os egípcios que vivem no estrangeiro, cerca de 600 mil inscritos, a votação começou e vai durar quatro dias, enquanto uma parte do Egito, nomeadamente a capital Cairo e a grande cidade de Alexandria, deve votar já no sábado (15.12.). O resto do país é chamado às urnas uma semana mais tarde, no dia 22.

Oposição apela à não votação

Depois de ter deixado plainar uma certa dúvida sobre a sua posição em relação à votação, pedindo a anulação pura e simples do ato, a oposição finalmemnte apelou ao voto contra.

Contudo, ela exigiu garantias, como a presença de um juiz para cada urna ou observadores locais e internacionais.

A Frente de Salvação Nacional (FSN), uma coligação de movimentos, na sua maioria de esquerda e liberais, organizou na noite desta quinta-feira (13.12) nos subúrbios do Cairo um grande encontro depois dos dois outros realizados na quarta-feira (12.12) no interior do país.

Num comunicado, a FSN já preveniu que "não irá reconhecer os resultados de um referendo que não apresenta as condições para uma transparência total".

O seu chefe, o Prémio Nobel da Paz, Mohamed El-Baradei, comunicou pelo microblog Twitter que a "insistência em organizar o referendo num ambiente explosivo, polarizado, caótico e inseguro leva o país para o precipício".

Em contrapartida, o campo presidencial assegura que o texto vai permitir dotar o país de um quadro institucional estável, visto a anterior lei mãe ter sido suspensa há cerca de dois anos, após o derrube do regime de Hosni Moubarak.

"Vamos apoiar a Constituição e levantar bem alto a bandeira da Justiça e da lei islâmica e mostrar que apoiamos até ao fim o presidente Morsi", disse um manifestante.

Todas as armas são válidas

Os dois campos também investiram literalmente a internet, reforçada com vídeos e comunicados.

Os defensores do "sim", liderados pela Irmandade Muçulmana, iniciaram a campanha muito mais cedo, com a distribuição de prospetos pelas ruas e divulgando vídeos na internet.

Até uma música foi composta a apelar um apoio em massa do texto. Os islamitas também colocaram homens e mulheres ao longo de algumas estradas empunhando cartazes que apoiam o projeto da nova Constituição.

Segundo um responsável do ministério egípcio do Interior, cerca de 130 mil polícias foram escalados para seguirem de perto a votação que ocorre no momento da pior crise que o país vive desde a eleição em junho de Mohamed Morsi, primeiro presidente civil do país e ex-membro da Irmandade Muçulmana.

Cerca de 120 mil soldados também foram destacados para ajudar a polícia na manutenção da ordem, noticiou a agência de notícias egípcia MENA.

Recorde-se que o exército tentou apaziguar as tensões, que já provocaram oito mortos na semana passada, entre eles um jornalista, ao convocar uma reunião na quarta-feira (12.12) entre as forças políticas de todos os quadrantes.

Mas as reações foram negativas e os militares tiveram que deixar este diálogo para uma outra ocasião.

Autor: Sandra Havenith/António Rocha
Edição: Nádia Issufo/Renate Krieger