Kalupeteka transferido para cadeia de Viana
10 de maio de 2016A transferência de José Kalupeteka, que surpreendeu os seus familiares, terá acontecido na madrugada da última sexta-feira (6 de maio). As autoridades angolanas não informaram os parentes do líder religioso sobre a mudança de estabelecimento prisional.
"Nós fazemos visitas todos os dias, mas em nenhum momento nos disseram que o meu pai seria transferido", lamenta Elias Kalupeteka, um dos seus filhos. "Não sei como é que ele vai ficar, uma vez que toda a família está aqui no Huambo".
Condenado a 28 anos de prisão pelo Tribunal Provincial do Huambo, Kalupeteka foi transferido na mesma semana em que alguns ativistas condenados por atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores foram levados da cadeia de Viana para o Hospital-Prisão de São Paulo.
Sem avançar as razões da transferência, o porta-voz do Serviço Penitenciário, Menezes Cassoma, confirmou a presença de José Julino Kalupeteka na Comarca de Viana em Luanda. Disse ainda que o líder religioso, acusado de ter matado nove polícias na localidade do Monte Sumi, no município da Caála, na província do Huambo, no ano passado, chegou a Luanda no fim-de-semana.
"O Serviço Penitenciário tem 40 estabelecimentos ao longo do país. E, à partida, os reclusos podem cumprir a pena em qualquer estabelecimento. Se calhar, em próximas ocasiões podemos pronunciar-nos em torno das razões da transferência", disse.
Visitas impedidas
Os parentes de Kalupeteka que estiveram esta segunda-feira (09.05) em Viana dizem ter sido impedidos de efetuar visitas. O porta-voz do Serviço Penitenciário explica que os familiares devem consultar os dias em que devem visitar Kalupeteka, um avez que os reclusos não recebem visitas todos os dias.
"A primeira coisa que os parentes devem fazer é informarem-se sobre o dia em que ele pode receber visitas. Pode ser o tribunal ou administrativamente a cadeia a determinar", esclarece. "Se o tribunal não disser nada, o recluso tem o seu direito de ter visitas uma hora por semana".
Contactado pela DW África em Luanda, o advogado David Mendes preferiu, para já, não comentar a ida de Kalupeteka para a cadeia de Viana. "Não vou falar à imprensa sem saber as causas da transferência", disse.
Os nove seguidores de Kalupeteka que também foram condenados - sete a penas de 27 anos de cadeia e outros dois a 16 anos - permanecem na Comarca do Huambo, onde também estão a cumprir a pena.