Julgamento da IURD decorre em Luanda faltando um arguido
18 de novembro de 2021A sessão foi aberta na manhã desta quinta-feira (18.11) e o juiz do caso, Tutti António, questionou a ausência de um dos cinco arguidos do processo, Rodrigo César Ferreira do Carmo, pastor brasileiro. A defesa explicou que este se encontra ausente devido às expulsões realizadas pelas autoridades angolanas a um grupo de pastores e bispos brasileiros, convidado a abandonar o território nacional.
Dadas as circunstâncias, a acusação defendeu uma continuação do julgamento com a proposta de uma separação de culpa. Já a defesa defendeu a suspensão do julgamento, mas o tribunal acabou por decidir a favor da continuação do processo. Durante toda a manhã o tribunal tratou questões prévias referentes ao caso, que está a ser julgado por crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais.
Durante o tratamento destas questões foi abordado o episódio em que a acusação, encabeçada por David Mendes, comentador da TV Zimbo e deputado independente, após ter abandonado a UNITA, afirma ter sido atacada por um dos arguidos. O bispo brasileiro Honorilton Gonçalves foi chamado de "criminoso”, o que suscitou gargalhadas por parte da defesa e dos arguidos.
No julgamento ainda estão presentes quatro arguidos, dois brasileiros e dois angolanos, que decorreu em fase de "maratona de questões prévias”, como descreveu o juiz, até ao início da tarde, numa sala sem ar condicionado do Tribunal Provincial de Luanda.
São também arguidos no processo, o bispo António Miguel Ferraz, presidente da Direção da IURD (ala brasileira) e os pastores Belo Kifua Miguel e Fernandes Henriques Teixeira. Este último é o antigo responsável pelas TV Record Africa, cujas emissões estão suspensas em Angola desde abril após o Governo alegar irregularidades administrativas.
Em Angola a IURD está dividida em duas igrejas com o mesmo nome, sendo que ambas alegam ser as legítimas representantes da seita fundada por Edir Macedo. Existe a ala brasileira, encabeçada pelo angolano, Alberto Segunda e a ala reformista angolana, chefiada por Valente Bezerra Luís. Esta última foi legitimada pelo Governo angolano, que considera o corpo diretivo de Alberto Segunda ilegal, já tendo de decorrido vários processos em tribunal relacionados com a disputa.