Jovens Revolucionários de Angola entregam carta aberta a Obama
Para entregar a carta aberta ao Presidente dos Estados Unidos da América, uma delegação do Movimento Jovens Revolucionários de Angola (MJRA) deslocou-se a Dar Es Salaam, na Tanzânia, destino final do mais recente périplo de Obama, após ter passado já pelo Senegal e pela África do Sul.
A DW África conversou por telefone com Pedrowski Teca, um dos elementos do movimento revolucionário que se deslocou a Dar Es Salam para entregar a carta aberta a Barack Obama, e ouviu as suas explicações sobre as razões da iniciativa.
DW África: Que motivos levaram os Jovens Revolucionários de Angola a escrever esta carta aberta a Barack Obama?
Pedrowski Teca (PT): A carta foi uma iniciativa do próprio movimento revolucionário. O objetivo foi mesmo levar ao conhecimento do Presidente Barack Obama, em primeira mão, o nosso sofrimento, a nossa versão da história - nós que sofremos com o bastão do regime. Nós precisamos mesmo da intervenção dele.
DW África: À carta foi anexada uma pen drive de 8 GB. O que consta dessa pen drive?
PT: Anexamos uma pen drive de 8 GB com fotografias das nossas manifestações em Angola e que provam a nossa tortura. E incluímos não só fotografias como também vídeos com filmagens de como fomos brutalizados durante todo este tempo e de como continuamos a ser brutalizados.
DW África: E a mesma carta foi também entregue à Embaixada de Angola em Dar Es Salaam, na Tanzânia.
PT: Concerteza. Uma cópia da carta foi entregue ao senhor Rodrigues, que é o segundo secretário da Embaixada angolana em Dar Es Salaam, porque nós achamos que não seria bom chegarmos a este país e entregarmos uma carta ao Presidente norte-americano que está de visita a este país sem passarmos pela nossa Embaixada.
DW África: Como descreveria o ambiente que se vive nestes dias na capital económica da Tanzânia, Dar Es Salaam?
PT: Em Dar Es Salaam há uma euforia por causa da visita do Presidente Obama. As ruas estão cheias de fotos de Obama, há publicidade no aeroporto e nas ruas de Dar Es Salaam. A Tanzânia é um país que ficou pela História. Aqui, neste momento, vejo a a pobreza deste povo e o subdesenvolvimento deste país, que precisa realmente de muito trabalho para estar em pé de igualdade com muitos dos países que ajudou a libertar.
DW África: O movimento revolucionário recebeu algum tipo de apoio financeiro para a deslocação de alguns dos seus elementos a Dar Es Salaam?
PT: Não recebemos apoios financeiros. Juntamos algum dinheiro. Isso está a impossibilitar a nossa estadia aqui durante mais tempo. Já estamos com vários problemas financeiros e nem nos temos deslocado muito. Estamos sempre no hotel. Fizemos as nossas cartas, entregámo-las e voltamos. Nem dinheiro temos para lazer ou para táxis.
Foi uma viagem muito secreta. Nem todos no movimento revolucionário sabiam. Muita gente foi apanhada de surpresa. Porque é algo muito sensível e já tivemos vários casos de fuga de informação, não queríamos que isso se repetisse. Não queríamos divulgar isto antes de cumprir o que pretendíamos. Agora que o fizemos, e que todos já sabem, vamos apostar na divulgação destas informações até ao nosso regresso. Acreditamos que vamos chegar com segurança à nossa própria terra.