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Nigerianas raptadas por Boko Haram ainda desaparecidas

Jens Borchers
13 de abril de 2017

Três anos depois do rapto, maioria das alunas ainda não regressou a casa. Campanha lançada nas redes sociais tentou ajudar. Cidadãos criticam inação do Governo.

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Nigeria Abuja Reaktion angehörige nach Video über Chibok Girls
Foto: Getty Images/AFP/Stringer

Cerca de 200 meninas raptadas pelo Boko Haram numa escola em Chibok, no nordeste da Nigéria, há três anos atrás, ainda estão nas mãos dos seus captores.

Com o slogan "Traga de volta as nossas meninas" (em inglês, "Bring Back Our Girls”), uma campanha lançada nas redes sociais para pressionar as autoridades nigerianas a obter a sua libertação, reuniu milhares de apoiantes. Entre as figuras mais famosas, que rapidamente se juntaram ao movimento, está a esposa do ex-presidente dos Estados Unidos, Michelle Obama.

Campanha fracassada?

Nigeria Demonstration Bring Back Our Girls in Chibok
Manifestação a favor da libertação das alunas nigerianas, em agosto de 2015Foto: Reuters/A. Akinleye

No entanto, a campanha saldou-se num fracasso: pouco mais de vinte raparigas foram libertadas e, segundo a jornalista e escritora nigeriana, Adaobi Mwaubani, essas jovens não estão realmente livres. "Elas tornaram-se muito célebres para realmente estarem livres”, afirma.

As raparigas libertadas ainda não conseguiram regressar às suas respetivas aldeias de origem, tendo sido colocadas pelo Governo nigeriano num local seguro e desconhecido para a maioria das pessoas. O governo diz que tomou esta medida para evitar um novo rapto que seria um grande golpe mediático para o Boko Haram. Segundo Adaobi Mwaubani, "as raparigas continuam sob proteção do Governo porque o exército teme pela sua segurança. Ficaram tão célebres que poderão vir a ser novamente alvo de rapto”.

A lista com os nomes das raparigas raptadas foi publicada. No entanto, analisando a realidade três anos após o rapto, Adaobi Mwaubani duvida dos resultados da campanha "Bring Back Our Girls”. No entender desta escritora, "o erro cometido foi termos concentrado a nossa ação somente sobre as jovens estudantes de Chibok quando se sabe que o Boko Haram raptou mais de mil outras pessoas no nordeste da Nigéria”. Adaobi Mwaubani considera que a campanha foi lançada com força e espontaneidade, mas sem muita reflexão sobre o assunto.

Nigerianos pressionam Governo a atuar

Já Hosea Abana, não compreende esta posição de Mwaubani. A sua sobrinha faz parte das reféns ainda nas mãos do Boko Haram. Na esperança de ajudar as raparigas raptadas, ele participa ativamente na campanha "Bring Back Our Girls”, exercendo grandes pressões sobre as autoridades nigerianas, porque teme o futuro das jovens. Hosea Abana critica a atuação do Governo: "parece estar parado em relação a este assunto e por isso exigimos diariamente que algo seja feito. Não vejo o que as autoridades estão a fazer para libertar as nossas raparigas”, lamenta.

13.04.2017 Boko Haram - Chibok - MP3-Mono

Maureen Kabruk é responsável pela estratégia da campanha de mobilização. Ela também afirma que as autoridades nigerianas estão paradas há muito tempo. Antes do rapto em Chibok, centenas de jovens raparigas tinham sido raptadas no nordeste do país pelo Boko Haram e nada foi feito. Maureen Kabruk explica que há já pessoas cansadas da situação e a dizer que "já chega”. "É precisamente isso que se passou na altura do rapto das raparigas de Chibok. Já estamos cansadas com estas situações”.

Nos últimos três anos, o exército conseguiu libertar centenas de jovens das mãos do Boko Haram. Os soldados nigerianos também conseguiram libertar algumas regiões que eram controladas pelo grupo, mas os terroristas responderam com vários atentados suicidas.

Apesar dos sucessos do exército nigeriano, os analistas destacam o facto de, até ao momento, não ter sido encontrada uma saída política para solucionar o problema de raiz e impedir qualquer avanço dos islamistas na região.

Amnistia Internacional também já apelou

No passado mês de janeiro, aquando da ocasião dos mil dias passados desde o rapto das 276 alunas nigerianas, a Amnistia Internacional apelou ao Governo da Nigéria para que redobrasse os esforços com vista à libertação das raparigas. Apelou também aos raptores do Boko Haram para que as colocassem em liberdade. A organização não-governamental também elogiou a "determinação e resiliência" do grupo "Bring Back Our Girls" pelo seu trabalho de colocar o problema na "agenda mundial" e pela "pressão" que exerceu no Governo.