Jovens marcham por oportunidades de emprego em Moçambique
8 de junho de 2019Dezenas de jovens pertencentes à Organização Juvenil para o Desenvolvimento Comunitário (OJDC) e a outras organizações da sociedade civil fizeram este sábado (08.06) uma marcha pela redução da taxa de desemprego em Chimoio, a capital da província de Manica, centro de Moçambique.
A marcha partiu da sede da OJDC, percorreu as principais artérias da cidade, incluindo a Praça dos Trabalhadores e a Avenida 25 de Setembro, e desaguou no Centro Cultural Académico Motalto. No local, os jovens tiveram a oportunidade de debater a questão do desemprego e apontar possíveis soluções.
Uma das estratégias encontradas ao final do debate foram promover o empreendedorismo e aumentar a oferta de emprego, especializações, negócios, entre outras atividades. Para os manifestantes, a falta de emprego no país está a propiciar o aumento da criminalidade, o consumo de álcool e drogas por parte de jovens, além do aumento dos índices de marginalidade e prostituição juvenil.
San Florence, coordenadora de desemprego da OJDC, afirmou que a falta de emprego no país deve-se à baixa qualificação do trabalhador, a substituição da mão-de-obra por máquinas automatizadas, as variações na oferta e procura por parte das empresas e a existência de leis fixando salários mínimos.
"Os jovens já têm a formação, mas estão desempregados. Temos que incentivá-los a apostarem no empreendedorismo como forma de superação. Com o empreendedorismo, nós podemos combater males como a criminalidade e os casamentos prematuros", disse. "Estamos a incentivar os jovens a fazer a reciclagem do lixo para a produção de vasos, velas, carvão, borrachas e muitas outras coisas para possam vender os materiais produzidos e obter dinheiro a partir desse trabalho", acrescentou.
Novas oportunidades
Rosa Mainato Quembo, uma jovem da sociedade civil que também esteve na marcha, lamentou o comportamento de alguns jovens formados que não optam pelo empreendedorismo enquanto aguardam por uma oportunidade de emprego.
"Por exemplo, a venda de carvão. Não são muitos os jovens que podem se dedicar a esta atividade, pois queremos um trabalho civilizado em que se entra limpo e também se volta se limpo. Entretanto, esquecemo-nos de que o dinheiro é o mesmo e compra o mesmo tipo de bens. Por esta razão, devemos desenvolver qualquer tipo de trabalho, que seja varrer a cidade, vender pão ou fazer negócio para minimizar a propalada falta de emprego", diz a jovem. "É uma forma de aguardar o melhor emprego vir."
Soares Juga Ferro, presidente do Conselho Distrital da Juventude (CDJ) em Chimoio, que também fez parte da marcha, disse que o desemprego é um problema identificado. Sendo assim, os jovens devem apostar no empreendedorismo para que sejam autossustentáveis.
"Há várias formas de empreender. Os jovens que possuem uma arte de construir, pintar e trabalhar com canalização e eletricidade podem se juntar a essa causa, transformando essa arte numa empresa de modo que empregue mais jovens. Outra vertente é a criação de ambientes de negócios. Se formos a ver maior parte dos jovens já tem formação até superior e técnica, ou seja, profissionalmente estão habilitados. Quando as oportunidades de emprego são escassas, nós encorajamos os jovens a entrar no mundo do empreendedorismo", afirmou o presidente da CDJ.
Os manifestantes marcharam pelas ruas e avenidas empunhando dísticos, cartazes e panfletos com diversas mensagens, como "campanha de redução da taxa de desemprego" e "promovendo o empreendedorismo juvenil através de ações sociais".