Jornais alemães destacam “jeito africano” de pagar contas
29 de agosto de 2014A imprensa alemã dedicou grande atenção nesta semana ao ébola. O Neue Zürcher Zeitung noticiou a chegada de um médico infectado com o vírus ao Hospital Universitário de Hamburgo-Eppendorf, no Norte da Alemanha. O funcionário da Organização Mundial de Saúde (OMS), que estava destacado na Serra Leoa, está sendo tratado no setor de doenças tropicais do hospital.
No final de julho, outro paciente deveria ter chegado ao centro de saúde, mas morreu antes do embarque. De acordo com o Escritório Federal de Saúde Pública, a Suíça também estaria preparada para o possível tratamento de pessoas infectadas pelo ébola.
O Escritório estima que o risco de entrada de pessoas doentes na Alemanha é baixo. Caso o risco aumente, no entanto, os dois países estão articulados para planos de emergência. Na Suíça, o primeiro ponto de recepção de eventuais pacientes com ébola é o Hospital Universitário de Genebra – onde todos os médicos estariam preparados para oferecer os cuidados necessários aos pacientes.
Mais ébola
O Berliner Zeitung destacou as projeções da OMS de que a epidemia deverá atingir mais de 20 mil pessoas e os esforços de cientistas para entender melhor a evolução do vírus. A reportagem “Pesquisadores decifram genoma do ébola” revela conclusões de pesquisadores da universidade norte-americana de Harvard.
Conforme o texto, tais pesquisadores foram capazes de analisar os genomas de 99 vírus. “O estudo ajuda não só a detecção do ébola como também à busca por drogas e vacinas”, ressalta a reportagem. A equipe descobriu que o chamado “patógeno” (ou causador da doença) se encontra “adormecido” em animais hospedeiros há décadas na África Ocidental.
Os cientistas concluíram que o material genético do vírus sofreu alterações em um espaço de tempo muito curto. Foram encontradas mais de 300 variações genéticas do ébola. Para identificar a infecção no futuro e um dia ser capaz de curá-la, os pesquisadores deram a outras equipes de cientistas livre acesso a todas as suas conclusões.
Pagamento à africana
ODie Welt publicou uma reportagem do seu correspondente em Zanzibar, Solveig Rathenow, ressaltando que, enquanto os europeus relutam em fazer pagamentos pelo telefone móvel, a prática já é bastante comum e usada pelos africanos.
De acordo com estudo do Banco Mundial, a partir de 2012, cerca de 650 milhões de pessoas no continente começaram a usar o telefone móvel. Um número maior do que a ampliação do acesso à água potável, por exemplo.
“O triunfo do sistema de pagamento móvel no Quênia começou em 2007, com o “M-Pesa”, um serviço prestado pela Safaricom e a operadora britânica Vodafone. O sistema primeiramente servia para microcréditos. Mais tarde, foi ampliado, podendo-se enviar dinheiro de móvel para móvel, pagar contas em lojas via transferências e, até mesmo, criar uma espécie de poupança no telefone”, escreve Rathenow.
Menos liberdade
Der Freitagpublicou uma reportagem bastante crítica sobre as intenções do Congresso Nacional Africano, o ANC da África do Sul, de limitar as greves e dar permissão para o Estado intervir na execução de longas disputas trabalhistas. O jornal ressalta que o próprio ministro de Mineração, Ngoako Ramathlhodi, já anunciou que vai vender suas ações das empresas de mineração para não entrar em qualquer conflito de interesses com a futura legislação.
O Frankfurter Allegmeine Zeitung destaca, na matéria “Ataque põe turismo no Quênia de joelhos”, a contribuição da ação das milícias Al Shabaab na queda no número de turistas ocidentais e nos prejuízos das empresas especializadas em safáris.
“De Lamu Malindi até a segunda maior cidade do país, Mombaça, a imagem mudou: hotéis, restaurantes e casas noturnas estão fechadas. A razão para isso é chamada Al Shabaab. O grupo terrorista somali e suas ramificações locais são particularmente ativas em Mombaça", explica o jornal.
Em maio, o governo britânico retirou 500 de seus cidadãos de Mombaça após um alerta de ataque iminente. Em julho, um turista alemão e outro russo foram mortos a tiros. O jornal destaca que, com seus ataques ao longo da costa, os radicais atingiram um dos setores econômicos mais importantes do país.