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ConflitosIsrael

Israel reconhece "erro grave" e pede desculpa por mortes

DW (Deutsche Welle) | com agências
3 de abril de 2024

Forças de Defesa de Israel admitiram hoje que cometeram "erro grave" que resultou na morte de sete trabalhadores humanitários em Gaza. Presidente pediu desculpa e primeiro-ministro disse que ataque foi "sem querer".

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Ataque aéreo em Gaza matou sete trabalhadores humanitários na segunda-feira
Ataque aéreo em Gaza matou sete trabalhadores humanitários na segunda-feiraFoto: Ahmed Zakot/REUTERS

As Forças de Defesa de Israel (IDF) admitiram hoje que cometeram "um erro grave" que resultou na morte de sete colaboradores da organização não-governamental (ONG) norte-americana World Central Kitchen (WCK), na sequência de ataques israelitas na Faixa de Gaza.

"Este incidente foi um erro grave", referiu o chefe do Estado-Maior israelita, o general Herzi Halevi, numa mensagem de vídeo.

"Foi um erro que se seguiu a um erro de identificação durante a noite, durante uma guerra, em condições muito complexas. Isto não deveria ter acontecido", acrescentou.

Halevi sublinhou ainda que as IDF partilham "do fundo do seu coração" o "luto das famílias [das vítimas] e de toda a organização WCK". 

"Um órgão independente investigará o acontecimento em profundidade e comunicará as suas conclusões nos próximos dias", anunciou ainda.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tinha admitido na terça-feira (o2.04) que o Exército israelita matou "sem querer" sete trabalhadores humanitários da organização WCK e disse que o incidente será alvo de uma investigação exaustiva.

Já o Presidente israelita Isaac Herzog apresentou as suas desculpas pelas mortes e estendeu as suas condolências "às famílias e entes queridos" dos trabalhadores humanitários.

Secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a um cessar-fogo imediato em Gaza
Secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a um cessar-fogo imediato em GazaFoto: Robertson S. Henry/REUTERS

Ajuda suspensa

A ajuda humanitária a Gaza está em causa depois de a ONG World Central Kitchen (WCK) um dos principais fornecedores de ajuda à Faixa de Gaza - ter suspendido as suas operações.

A Alemanha, os EUA e outros países pedem esclarecimentos sobre o ataque aéreo em Gaza que matou os trabalhadores humanitários estrangeiros. Por meio das redes sociais, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, apelou a Israel para iniciar investigações.

Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, pedindo um cessar-fogo imediato em Gaza, condenou o ataque que matou os trabalhadores humanitários.

"Os devastadores ataques aéreos israelitas que ontem mataram pessoal da World Central Kitchen elevam para 196 o número de trabalhadores humanitários mortos neste conflito, incluindo mais de 175 membros do nosso próprio pessoal das Nações Unidas. Isto é inconcebível, mas é o resultado inevitável da forma como a guerra está a ser conduzida," declarou Guterres.

Manifestantes protestavam contra o Governo de Netanyahu em Jerusalém
Manifestantes protestavam contra o Governo de Netanyahu em JerusalémFoto: Ohad Zwigenberg/AP/dpa/picture alliance

Protestos e detenções

Entretanto, em Jerusalém, as forças de segurança e a polícia dispersaram os manifestantes que se aglomeravam em frente à residência de Netanyahu, na noite de terça-feira (02.04). Protestavam contra o seu Governo e as isenções concedidas aos judeus ultraortodoxos do serviço militar.

Os meios de comunicação social israelitas informaram que cinco manifestantes foram detidos "por perturbação da ordem". Milhares de manifestantes tinham-se manifestado anteriormente diante do parlamento, marchando com fogos de artifícios e bandeiras israelitas até à residência do primeiro-ministro em Jerusalém.

Os manifestantes culpam Netanyahu pelos fracassos do dia 7 de outubro e afirmam que as profundas divisões políticas em relação à sua tentativa de revisão do sistema judicial, no ano passado, enfraqueceram Israel antes do ataque do Hamas. Alguns acusam-no de prejudicar as relações com os Estados Unidos, o aliado mais importante do país.

Para Yehuda Halper, um manifestante israelita de 40 anos, "Netanyahu deixou claro, desde o início da guerra, que a sua prioridade número um é a vingança".

"Ele quer vingar-se. Usa palavras que são consideradas pelos europeus e pelos EUA como coisas que não se dizem. E não se fazem, de facto. Ele quer provocá-los, e tem sido muito bem-sucedido nessa tarefa. A sua forma de lidar com a guerra não nos trouxe mais segurança. Estamos agora menos seguros. Distancia-nos dos europeus e está a distanciar-nos dos EUA," acrescentou.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta também uma série de acusações de corrupção que estão lentamente a ser levadas a tribunal, e os críticos dizem que as suas decisões parecem estar centradas na sobrevivência política em detrimento do interesse nacional.

As sondagens de opinião mostram que Netanyahu e a sua coligação estariam muito atrás dos seus rivais se as eleições se realizassem hoje em Israel.

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