Israel: Novo parlamento toma posse
6 de abril de 2021"Hoje encontro-me perante um Parlamento [Knesset] que foi dissolvido quatro vezes em menos de dois anos. Um Parlamento que renunciou, uma e outra vez, ao direito de expressar a sua confiança num governo", lamentou o Presidente de Israel, Reuven Rivlin, dirigindo-se aos deputados.
Rivlin alertou para a fragmentação da sociedade israelita -- "laicos, religiosos, ultraortodoxos, árabes", descreveu e pediu liderança aos deputados para ultrapassar os desacordos e acabar com o bloqueio político sem precedentes que se vive no país.
"Essa é a liderança que a nação israelita necessita agora e não é algo que se espera apenas do membro do Knesset encarregado de formar um governo ou do novo Presidente que elegerão, mas de cada um de vocês como representantes e líderes do povo", clamou.
Netanyahu designado para formar Governo
Esta terça-feira (06.04), Rivlin designou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para formar o próximo Governo, "com base nas recomendações [dos partidos], que indicam que (...) tem maior hipótese de formar um governo", adiantou.
O Presidente explicou não ter sido "uma decisão fácil (...), tanto moral quanto eticamente", um dia depois do recomeço do julgamento de Netanyahu por corrupção, considerando que "nenhum candidato tem uma possibilidade real" de conseguir o apoio de 61 deputados - a maioria no Parlamento de 120 lugares.
Mas o Likud (direita) de Netanyahu foi o partido mais votado nas eleições, obtendo 30 lugares, e o primeiro-ministro cessante foi recomendado para chefiar o novo Executivo por 52 deputados, juntando o apoio dos partidos ultraortodoxos, Shas (nove deputados) e Judaísmo Unido da Tora (sete), e da formação de extrema-direita Sionismo Religioso (seis).
No campo dos anti-Netanyahu, determinados a afastar do poder o primeiro-ministro mais duradouro da história de Israel, 45 deputados recomendaram o centrista Yair Lapid, líder do partido Yesh Atid (o segundo mais votado, com 17 deputados).
Além destes, o Parlamento conta com deputados da coligação Azul e Branco (centrista do anterior ministro da Defesa Benny Gantz, com oito parlamentares), do Yisrael Beiteinu (direita secular, com sete deputados), dos Trabalhistas (esquerda, com sete deputados), do Yamina (direita radical, também com sete parlamentares), da formação Nova Esperança (do ex-Likud Gideon Saar, seis deputados), da Lista Conjunta (coligação de partidos árabes, esquerda, com seis deputados), do Meretz (esquerda, também com seis parlamentares) e do Raam (árabe islamita, com quatro deputados).
Estão representadas 13 formações políticas, uma das quais dirigidas por uma mulher, a trabalhista Merav Michaeli. Entre os 120 deputados encontram-se 30 mulheres.