1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Isabel dos Santos: Arresto na NOS é “medida leonina”

Lusa
6 de abril de 2020

Em comunicado, empresária reclama de “sanha persecutória” que autoridades angolanas teriam contra ela. Isabel dos Santos considerou arresto de suas participações na NOS uma medida “abusiva”

https://p.dw.com/p/3aUUJ
Isabel dos Santos angolanische Investorin
Foto: Reuters/T. Melville

Isabel dos Santos emitiu uma nota neste domingo (05.04) a classificar a decisão de arresto das suas participações na empresa NOS como "abusiva” e "excessiva”. A decisão impede que a empresária receba dividendos das operações da empresa - que passam a ser direcionados o Caixa Geral de Depósitos.

A nota questiona que a decisão também impede o direito de voto, algo que, segundo o texto, "contraria a norma legal expressa num arresto como penhora”.

O Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa decidiu congelar preventivamente pouco mais de 26% do capital social da operadora de telecomunicações.

As autoridades angolanas solicitaram em janeiro que a justiça portuguesa arrestasse as participações que Isabel dos Santos detém nas sociedades NOS, Efacec e no Eurobic para obter garantia patrimonial de 1,2 mil milhões de dólares (cerca de 1,15 milhões de euros).

O montante equivaleria ao prejuízo causado pelos alegados crimes da filha do ex-presidente.

Na nota, a empresária questiona o direito das autoridades angolanas de pedir o arresto de suas participações em Portugal, afirmando que haveria uma "sanha persecutória” contra ela. A filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos chama de "leoninas” esta e  outras decisões do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa contra a Unitel International Holdings e a Kento – duas sociedades da empresária.  

Portugal Power Solutions Oeiras
Foto: DW/J. Carlos

"Uso indevido da justiça portuguesa”

Isabel dos Santos estranha ainda que, em Angola, as autoridades judiciais não tenham aplicado nenhuma restrição no funcionamento normal das empresas, considerando que o pedido da justiça angolana é "incongruente" e usa indevidamente a justiça portuguesa "para atingir fins não legais e desproporcionais", a empresária pede ponderação.

No comunicado, Isabel dos Santos aconselha as autoridades portuguesas que "atentem sobre estes fatos sob pena de estarem a condenar à falência" empresas, trabalhadores e famílias "de uma forma inaceitável e com base numa postura desproporcionada e dual da justiça angolana".

A filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos controla a operadora juntamente com a Sonaecom – que anunciou que vai apresentar recurso para tentar anular a decisão judicial.

A decisão do arresto preventivo de 26,075% do capital social da NOS foi comunicada no sábado (04.06) pela Sonaecom à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

A empresa portuguesa assumiu "total colaboração com as autoridades", mas contestou a forma como a decisão foi concretizada, por considerar que não cumpre o objetivo pretendido pelo próprio tribunal e penaliza a Sonaecom e a NOS.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

"Luanda Leaks": Entenda as denúncias sobre Isabel dos Santos

Saltar a secção Mais sobre este tema