Benguela: UNITA e MPLA trocam acusações
6 de junho de 2022Com o aproximar das eleições gerais em Angola, intensifica-se o clima político na província de Benguela.
O maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), acusa militantes do partido no poder - Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) - de terem atacado os seus simpatizantes e queimado residências no município do Cubal.
Recentemente, durante um comício do "Galo Negro" em Benguela, o secretário provincial da UNITA, Adriano Sapiñala, disse que é preciso pôr um ponto final na "intolerância política".
"Temos aldeias queimadas, casas dos nossos militantes queimadas, só porque são militantes da UNITA. E querem que, diante estes factos, fiquemos a olhar?", questionou Adriano Sapiñala, que acrescentou: "temos que defender os nossos direitos como cidadãos. É importante que o povo do Cubal se saiba defender, e quando falo em defender-se, não é ir lutar, é não permitir que queimem as nossas casas".
Há dois meses, em entrevista à DW, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, afirmou que "a violência é uma casca de banana" e apelou aos seus militantes para que não escorregassem nela.
MPLA nega acusações
Contactado pela DW África, o administrador municipal e também primeiro secretário do MPLA no Cubal, Paulino Banja, disse que o seu partido não tem a cultura de queimar casas e repudiou os pronunciamentos do secretário provincial da UNITA.
Paulino Banja teme que as eleições gerais, marcadas para 24 de agosto, sejam turbulentas.
"Um responsável, um deputado da Assembleia Nacional, que é secretário provincial da UNITA, não sabe a realidade, não constatou in loco e vai fazer aquelas declarações num ato político? Pelos dados que a administração tem, a direção da UNITA nunca cá veio para saber como eles estão, vivem de boatos e fofocas, não é isso que a gente quer", diz.
Ainda segundo o MPLA, militantes da UNITA incendiaram várias infraestruturas, incluindo um comité de setor dos "camaradas".
Celestino Tchapamba, responsável do partido no poder na comuna do Quendo, diz que o outro caso foi um desentendimento familiar sobre um terreno, que se transformou em conflito político.
"Essa foi a segunda [vez] que a UNITA vinha queimar, mas a primeira foi do comité do [MPLA]. Quando eram 20h, os homens da UNITA vieram ao comité do MPLA para queimá-lo. […] Também recolhemos o cartão de um militante da UNITA no local, que já está nas mãos da polícia".
O partido sacode responsabilidades, dizendo que não foram militantes da UNITA.
O secretário municipal do maior partido da oposição no Cubal, João Kaluyombo, pede ao MPLA que cite nomes, em nome da verdade.
Por sua vez, Kaluyombo garante que já identificou dois militantes do MPLA que terão estado envolvidos em atos de intolerância política na região.
"Se queremos conquistar o poder, não é com querelas e não é com intolerância política. O MPLA devia vir à tona e dizer."
A DW África tentou contactar o comandante municipal da polícia no local, mas este recusou-se a falar.