Idriss Déby que mais assistência para África
13 de outubro de 2016Durante uma visita oficial a Berlim na quarta-feira (12/10) do Presidente do Chade, Idriss Déby, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou mais assistência financeira àquele país africano. A visita de Deby não causou alguma controvérsia na Alemanha, onde o Governo do Presidente chadiano é considerado autoritário e antidemocrata
A África nunca constituiu uma prioridade na política alemã. Mas há um ano chegaram à Europa mais de um milhão de refugiados, a maior parte dos quais deu entrada na Alemanha. Entre estes refugiados estão numerosos africanos, o que, recentemente, levou Berlim a dar mais peso à política africana.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ser necessário investir mais em África, para garantir aos africanos perspetivas futuras e uma vida melhor nos seus países, de modo a que não sejam obrigados a emigrar.
Apelo a mais ajuda para África
Em conversa com a DW, o Presidente do Chade saudou a nova política africana de Berlim: "Seguimos com grande interesse o regresso da Alemanha à África. A Alemanha tem o seu lugar em África. E nós apelamos para as empresas alemãs, que têm as competências que todos sabemos, para investirem no Chade e criarem aqui riqueza num sistema que beneficie os dois lados".
A Alemanha não tem, neste momento, qualquer relação económica com o Chade. A promessa da chanceler de colocar à disposição do país africano 8,9 milhões de euros para ajudar a resolver problemas de alimentação e abastecimento com água, foi bem recebida pelo chefe de Estado. Déby concorda que a assistência económica aos países africanos é crucial para resolver o problema da migração para o norte. Importa que os países ocidentais ajudem a criar emprego e oportunidade para os africanos nos seus países.
Ingerência gera terrorismo
Tanto mais, que, a ver do Presidente, é ao ocidente que cabe uma grande parte da responsabilidade pela situação em África no geral, e pela emergência do terrorismo islamita em particular: "O que aconteceu foi que a Líbia, um país soberano, foi bombardeado, o seu Presidente foi morto e a Líbia ficou sem recursos. É essa a origem da migração, do tráfico de drogas e do terrorismo que hoje temos em África".
Na opinião do Presidente, na África a sul do Sará não havia terrorismo antes de 2011, o ano em que caiu o regime líbio. O Chade foi um dos países que enviou tropas para a Líbia para ajudar o regime do coronel Gaddafi a combater os rebeldes. Déby, que ocupa o cargo de chefe de Estado há mais de um quarto de século, governa com mão de ferro um país considerado entre os mais corruptos do mundo. O Chade está na mira de organizações internacionais por frequentes violações de direitos humanos.
Democracia ainda muito jovem
O também atual Presidente da União Africana apoia abertamente a presidência do seu homólogo burundês. Pierre Nkurunziza ignorou protestos no próprio país contra o que foi considerado uma violação da constituição burundesa, e concorreu a um terceiro mandato, que ganhou em eleições criticadas como nem livres nem justas pela comunidade internacional. Mas Déby diz que é esperar demais que a democracia, ainda jovem em África se desenvolva e estabeleça em poucos anos: "Vocês na Europa levaram duzentos anos a instalar a democracia. E será que o sistema social já é perfeito e que toda a gente está satisfeita com a democracia na Europa? Claro que não".