Inauguração da ponte Maputo-Katembe aguardada com expetativa
29 de junho de 2018José Cossa nasceu e vive em Katembe há 45 anos. Está na ponte cais de Maputo, com a sua mercadoria, à espera de atravessar a baía numa pequena embarcação, conhecida pelos utentes como "mapapaia". Como muitos, acredita que a ponte não só facilitará a travessia, como vai colmatar algumas falhas daquela zona.
"Trará investidores a Katembe. Temos falta de hospitais, falta de lojas, temos falta de muita coisa. Para termos esses produtos somos obrigados a atravessar para a cidade. A ponte para mim é bem-vinda, porque trará esse intercâmbio entre pessoas que vêm de outros sítios", conta.
Também no mercado local, a conversa gira em torno das vantagens que a ponte vai trazer para os residentes. Sandra Chicuamba reside em Katembe há 15 anos e acredita que a sua região estará nas bocas de todo o mundo.
"Que a Katembe seja um lugar turístico mundial. Todo o mundo estará curioso em querer vir para cá", afirma.
O entusiasmo é tão grande, que Sandra até já tem alguns conselhos a dar a todos os residentes para atrair os turistas.
"As pessoas deverão mentalizar-se que isto já não é a Katembe de ontem, é a Katembe de hoje", diz, embora saiba que muito tem de ser feito para alcançar essa Katembe do futuro, como "pôr a Katembe limpa, mais desenvolvida".
Inauguração sem data marcada
Ainda não se sabe quando a ponte Maputo-Katembe será inaugurada. O atraso na inauguração da maior ponte suspensa de África deveu-se ao braço-de-ferro, já ultrapassado, entre o município de Maputo e os vendedores de um mercado, do lado da capital, que pediam indemnizações para sair do local.
Enquanto se aguarda pela ponte, a vida vai sendo muito difícil por causa dos custos diários da travessia. Para Manuel Paulino, que precisa de transportar material de construção, o custo para a travessia é o equivalente a 18 euros.
"Não consigo ter transporte. Tenho de mandar vir um carro de Maputo para cá para poder fazer os meus trabalhos. Posso dizer que está caro. A travessia está a mil meticais [18 euros] só a ida, e a volta mais mil", queixa-se.
Manuel Paulino não tem dúvidas sobre o que será a Katembe depois da inauguração da ponte: "Acredito que aqui as coisas vão baixar e o custo de vida vai baixar para muitos", diz.
Consequências negativas?
Por outro lado, Alfredo Tembe, transportador de semicoletivo de passageiros, mostra-se pessimista. O "chapeiro", como são chamados estes trabalhadores, duvida que a vida melhore com a chegada da ponte e teme pelo seu negócio.
"Depois da ponte não sabemos o que vai acontecer, porque haverá 'chapas' que sairão da cidade a entrarem aqui na Katembe e outros que sairão daqui para a cidade".