Imprensa alemã comenta temas africanos
O jornal Neues Deutschland, publicado em Berlim, dedica uma vasta reportagem à localidade de Mutapwa, situada numa zona fértil e rica em madeiras, na província de Nampula, no norte de Moçambique. O jornal escreve: "Até agora as pessoas viviam da agricultura de subsistência: feijão, milho e mandioca. Os habitantes tinham uma vida modesta, mas tranquila e eram donos das suas terras. Agora uma vasta área deverá ser entregue a uma empresa norueguesa que quer plantar eucaliptos. Mas o régulo de Mutapwa não quer aceitar as condições do governo provincial e da empresa Lurio Green Resources (LGR). Por isso pediu ajuda à organização não governamental moçambicana ORAM e obteve apoio jurídico da mesma. A sua esperança agora é conseguir defender os direitos dos pequenos agricultores de Mutapwa."
Observadores temem ocorrência de mais violência no Egito
A situação no Egito também continua a preocupar os comentadores alemães. O Frakfurter Allgemeine Zeitung descreve a situação da seguinte forma: "A oposição egípcia, não vai desistir e continuar a protestar contra o presidente Mursi. Os palcos mais importantes serão a praça de Tahrir e a área em frente ao palácio presidencial. Muitos egípcios temem um aumento da violência, pois também o partido da Irmandade Muçulmana que apoia o presidente, e os islamistas radicais do Gamaat al Islamija e o partido salafista Nur convocaram uma manifestação para esta sexta-feira. Confrontos são, por isso, muito prováveis, não só na capital do Cairo, como também em Alexandria e outras cidades."
Congo: população de Goma continua inquieta
O Leste do Congo, mais precisamente a cidade de Goma, recuperou alguma normalidade, depois de ter sido tomada pelos rebeldes do M23, que entretanto voltaram a abandonar. O die tageszeitung escreve: "O centro de Goma - normalmente cheio de gente - parece uma cidade morta, desde que os rebeldes saíram. Os habitantes ficam entrincheirados nas suas casas. Ninguém se atreve sair de casa depois de escurecer. Circulam boatos de que muitos dos rebeldes continuam na cidade sem fardas. Muitos criminosos aproveitaram a oportunidade do assalto dos M23 para evadirem das prisões e agora as pessoas têm medo que esses bandidos façam pilhagens."
Mali: Impasse entre governo de Bamako e islamistas
O Jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung debruça-se sobre o Mali, destacando, nomeadamente, os resultados da reunião que teve lugar, na terça-feira, na capital do Burkina Faso, entre representantes do governo de Bamako e as organizações que ocupam o norte do Mali, os tuaregues do MNLA e os islamistas do Ansar Dine. O jornal descreve o impasse da seguinte forma: "O movimento nacional de libertação do Azawad, MNLA, parece ter deixado de exigir um Estado tuaregue independente, passando a exigir apenas um estatuto de autonomia. O Ansar Dine já não exige que a lei islâmica seja aplicada em todo o território do Mali, mas sim e apenas nos territórios controlados pelos islamistas. O governo maliano, por sua vez, diz que só prosseguirá as negociações se as duas organizações respeitem os princípios do laicismo."
Gana: Presidente John Dramani Manama luta pela reeleição
O Gana é, nesta sexta-feira, palco de eleições presidenciais e parlamentares. Tema que o jornal Neues Deutschland comenta da seguinte forma: "O atual presidente John Dramani Manama do partido Congresso Nacional Democrático, NDC, não dispõe do carisma que tinha o seu antecessor John Atta Mills, inesperadamente falecido em julho do corrente ano, com 68 anos de idade. Mas tudo indica que o atual presidente continue no poder, apesar dos resultados das eleições no Gana serem tradicionalmente pouco previsíveis. Recorde-se que o Novo Partido Patriótico perdeu as últimas eleições por apenas 40mil votos de diferença. O Gana é um país que vive em tempos de crescimento acentuado da sua economia, graças ao boom petrolífero. Mas nem todos os habitantes beneficiam dessas riquezas, como, aliás, acontece em muitos outros países africanos."
Autor: António Cascais
Edição: António Rocha