Gâmbia: Barrow promete "reformas nas forças de segurança"
28 de janeiro de 2017Durante a primeira conferência de imprensa do novo Presidente, que se realizou neste sábado (28.01.) em Banjul, Adama Barrow prometeu introduzir "mudanças substanciais" nas famigeradas forças de segurança.
Barrow promete "fim da gerência autoritária"
Nas palavras do novo Presidente, os serviços de segurança e de inteligência terão vivido "durante 22 anos sob uma gerência altamente autoritária".
Gambia Barrow disse ainda aos jornalistas que é sua intenção proceder a "uma reforma radical da Agência Nacional de Inteligência" que no passado teria estado envolvida em casos de violação dos Direitos Humanos, incluindo interrogatórios arbitrários e por vezes até de casos de tortura.
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Barrow prometeu inverter muitas das políticas de Jammeh - incluindo a sua anunciada intenção de retirar o país do Tribunal Penal Internacional - e proporcionar aos cidadãos gambianos um leque mais alargado de liberdades. O novo Presidente também anunciou que o novo Governo iria analisar os abusos de que Jammeh é acusado, incluindo o de liderar um regime que torturou e assassinou elementos da oposição.
Cerimónia de tomada de posse a 18 de fevereiro
Depois do regresso de Adama Barrow a Banjul, os gambianos aguardam o futuro com otimismo, enquanto que cartazes espalhados pela capital dão conta de uma cerimónia de tomada de posse do novo Presidente a 18 de fevereiro.
Os habitantes do mais pequeno país da África continental - com uma população estimada de 1,9 milhões de pessoas - têm vindo a celebrar nos últimos dias, com o fim de mais de duas décadas de regime de Yahya Jammeh.
O anterior Presidente, Yahya Jammeh, - que recusava ceder o poder, apesar de ter perdido as eleições de dezembro - abandonou o país no passado fim de semana, voando para o exílio na Guiné Equatorial, na sequência da pressão dos restantes países da região.
A transição política do país, caótica mas sem derramamento de sangue, tem sido alvo de inveja dos habitantes de outros países africanos que vivem há décadas em regimes acusados de manipular eleições ou leis eleitorais para manter os respetivos líderes no poder.
Países europeus dizem que os turistas podem regressar à Gâmbia
O novo Presidente enfrenta agora o desafio de formar um governo coerente, mas sobretudo recuperar a economia. Barrow já disse que Jammeh deixou os cofres públicos vazios.
A economia gambiana é pequena e fraca, tendo como maior produto de exportação o amendoim.
O turismo também é uma área vital para o país, ainda que o isolacionismo de Jammeh nos últimos anos tenha afastado muitos turistas europeus, que antes escolhiam os muitos hotéis e "resorts" da Gâmbia para destino de praia. Vários países da União Europeia levantaram os alertas que desaconselhavam os seus cidadãos a viajar para a Gâmbia: o ministério alemão dos Negócios Estrangeiros, por exemplo, diz agora no seu sítio na internet, que a Gâmbia "é um país calmo e seguro". Os turistas podem regressar ao país, mas deverão "evitar participar em manifestações e reuniões de muitas pessoas".
Cimeira da União Africana discute situação na Gâmbia
A situação na Gâmbia, a possível readmissão de Marrocos, o conflito no Sudão do Sul e a eleição do próximo líder, a que concorre o chefe da diplomacia da Guiné Equatorial, devem dominar a cimeira da União Africana, que começa segunda-feira na Etiópia.
Enquanto isso, os gâmbianos continuam a festejar as mudanças no seu país: centenas de milhares de pessoas saíram, neste fim de semana, às ruas para aclamar o Presidente Adama Barrow, uma semana depois de este ter prestado juramento no vizinho Senegal, onde estava refugiado devido a receios quanto à sua segurança.