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Guterres pede 182 mil milhões de euros para ajudar África

Lusa | mc
20 de maio de 2020

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu esta quarta-feira à comunidade internacional um apoio de mais de 182 mil milhões de euros) para os países africanos. África já ultrapassou os 91 mil casos de Covid-19.

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Foto: webtv.un.org

O secretário-geral da ONU pediu esta quarta-feira (20.05) à comunidade internacional um apoio de mais de 200 mil milhões de dólares (182 mil milhões de euros) para os países africanos, em extrema dificuldade devido à Covid-19. "É imperativo mostrar solidariedade global com África”, sublinhou António Guterres, em comunicado.

"A pandemia ameaça o progresso feito em África. Isso irá agravar as desigualdades existentes e a fome, a desnutrição e a vulnerabilidade à doença" e milhões de pessoas "podem cair na pobreza extrema", indicou António Guterres.

Entre várias recomendações para o continente, o secretário-geral da ONU destacou que "os países africanos devem ter o mesmo acesso rápido, equitativo e acessível a qualquer vacina e tratamento futuros, que devem ser considerados bens públicos globais".

Nas recomendações, António Guterres pediu uma "mobilização internacional para fortalecer os sistemas de saúde em África, manter as cadeias de alimentos, evitar uma crise financeira". Salientou também que é preciso "apoiar a educação, proteger empregos, manter famílias e empresas em atividade e proteger o continente contra perda de rendimento e de ganhos nas exportações".

Medidas corajosas de África

Numa entrevista à rádio pública francesa RFI, divulgada esta quarta-feira (19.05), António Guterres elogiou as "medidas preventivas muito corajosas" adotadas por alguns países africanos para limitar a propagação do novo coroanvírus.

O secretário-geral da ONU afirma que "das previsões que fizemos no início [da pandemia], a covid-19 avançou de maneira muito mais lenta" do que se esperava em África. Isso deve-se à adoção dessas medidas, conclui: "Uma lição para alguns países desenvolvidos, que ainda não o fizeram".

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Durante a entrevista, Guterres considerou ainda que a suspensão dos pagamentos do serviço da dívida para os países mais pobres, concedida em meados de abril por vários credores públicos, foi uma medida insuficiente.

"Precisamos de nos preparar para um alívio direcionado da dívida e uma abordagem mais abrangente e estrutural para evitar a todo o custo no futuro uma série de falências que possam levar à depressão", recomendou.

África ultrapassa 91 mil casos

O número de mortos da covid-19 em África subiu esta quarta-feira (20.05) para os 2.912, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC). O continente contabiliza mais de 91 mil infetados em 54 países e 35.808 recuperados.

O norte de África mantém-se como a região mais afetada pela doença no continente, com 29.077 infetados com a covid-19. A região tem quase metade da mortalidade de África pela doença, com 1.467 mortos registados.

A África Ocidental regista 539 mortos e 25.592 infeções. A África do Sul concentra quase todos os casos de infeção na África Austral. Regista 17.200 dos 18.537 casos da região. 331 pessoas morreram com o novo coronavírus na África Austral.

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Cerca de metade das infecções no continente africano continuam concentras em seis países - África do Sul, Argélia, Egito, Marrocos, Nigéria e Gana – que também regista mais de dois terços das mortes associadas à Covid-19.

O Egito é o país com mais mortos (659) e tem 13.484 casos, seguindo-se a Argélia, com 561 mortos e 7.377 infetados. A África do Sul é o terceiro com mais mortos (312), continuando a ser o país africano com mais casos oficiais de covid-19, com 17.200 infetados.

A fechar a lista dos seis países africanos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus estão Marrocos com 193 vítimas mortais e 7.023 casos, a Nigéria com 192 mortos e 6.401 casos e o Gana com 31 mortos e 6.096 casos.

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Entre os países africanos lusófonos, a Guiné-Bissau é o que tem mais infeções, com 1.038 casos registados e quatro mortos.

Cabo Verde totaliza 335 infeções e três mortos, enquanto São Tomé e Príncipe regista 251 casos e oito mortos. Moçambique contabiliza 145 doentes infetados e Angola 52 casos de covid-19 e três mortos. 

A Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), confirma 719 casos positivos de infeção e sete mortos, segundo o África CDC.

A nível global a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 320 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço da agência de notícias AFP. Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados mais de 2,1 milhões contra mais de 1,9 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (quase 128 mil contra mais de 168 mil).