Guiné Equatorial diz que "golpe" foi planeado em França
11 de janeiro de 2018A alegada tentativa de golpe de Estado foi engendrada "em território francês", segundo o chefe da diplomacia da Guiné Equatorial.
Agapito Mba Mokuy afirmou, esta quarta-feira (10.01), que o Governo francês nada tem a ver com o plano, frisando que a Guiné Equatorial quer "cooperar com França assim que surjam mais informações".
As relações entre a Guiné Equatorial e a França agravaram-se depois do filho de Obiang, Teodorin Obiang, ser condenado em Paris a três anos de prisão e ao pagamento de 30 milhões de euros, com pena suspensa, por desvios de fundos públicos, lavagem de dinheiro, corrupção e abuso de confiança. Teriam sido desviados mais de 180 milhões de dólares.
Obra de "mercenários"
O Executivo equato-guineense anunciou, em dezembro, que impediu um golpe de Estado contra o Presidente Teodoro Obiang e deteve dezenas de opositores. Segundo a Guiné Equatorial, mercenários estrangeiros planearam o golpe.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Agapito Mba Mokuy, disse que 27 "terroristas ou mercenários" foram detidos numa caça ao homem após a tentativa de golpe. Mas as autoridades estarão ainda à procura de "cerca de 150" junto à fronteira com os Camarões.
Fontes de segurança dos Camarões comunicaram que "mercenários" detidos pela polícia camaronesa eram do Chade, do Sudão e da República Centro-Africana.
Solidariedade internacional
Na terça-feira (09.01), o presidente da RCA, Faustin-Archange Touadéra, visitou a capital da Guiné Equatorial, Malabo, para oferecer seu apoio ao Governo. "Precisamos de saber se os centro-africanos que foram presos têm passaportes verdadeiros ou falsos", afirmou a Presidência em Bangui à agência de notícias AFP.
O governo da Guiné Equatorial recebeu outras mensagens e visitas de apoio. Na semana passada, o chefe da diplomacia do Chade, Mahamat Zen Cherif, afirmou que "todos os países da sub-região devem unir esforços para realizar investigações para não só entender o que aconteceu aqui, mas também para chegar à origem desta tentativa de desestabilização." Esta semana, o enviado especial das Nações Unidas, François Lonseny Fall, garantiu apoiar a Guiné Equatorial após a ameaça de "golpe".
Teodoro Obiang é o Presidente há mais tempo no poder em todo o continente africano. Os críticos acusam o Presidente de repressão, fraude eleitoral e corrupção. Obiang, que assumiu o poder a 3 de agosto de 1979, foi reeleito em 2016, com mais de 90% dos votos.