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Guiné-Bissau: "Alcançámos resultados notórios", diz Sissoco

Iancuba Dansó (Bissau)
31 de dezembro de 2022

Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, considera que Guiné-Bissau deu "salto qualitativo na luta contra a corrupção". Porém, analista Miguel Gama critica falta de medidas que melhorem a vida dos cidadãos.

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Foto: Afolabi Sotunde/REUTERS

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, voltou a referir-se à tentativa de golpe de Estado, em fevereiro, como "um dos momentos mais difíceis que o país viveu. Na sua mensagem à nação, por ocasião do Ano Novo, divulgada este sábado (31.12), pela Presidência da República, o chefe de Estado guineense centrou o seu discurso nos acontecimentos que marcaram o ano 2022, destacando "sucesso" da diplomacia do país e as "boas ações" internas. 

Num curto discurso, Umaro Sissoco Embaló lembrou as dificuldades impostas ao país e ao mundo, pela recuperação da pandemia da Covid-19, como também pela guerra na Ucrânia, mas destacou o evoluir do país perante todos esses cenários. 

"Neste contexto difícil, alcançamos resultados notórios em várias frentes, graças aos nossos próprios esforços internos, a cooperação e a sociedade dos parceiros e amigos. No plano externo, a Guiné-Bissau conseguiu uma maior visibilidade e credibilidade, atingindo níveis inéditos. Pela primeira vez, desde 1975, o Presidente da República da Guiné-Bissau, preside a Conferência dos Chefes de Estados e de Governos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)", enalteceu. 

"Um salto qualitativo na luta contra a corrupção"

Segundo Umaro Sissoco Embaló, com os esforços empreendidos no ano que agora termina, a Guiné-Bissau reposicionou-se "com sucesso" no concerto das nações, fazendo-se ouvir nas conferências e em eventos internacionais "relevantes".

West African leaders plan peacekeeping force to counter 'coup belt' reputation
Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari (à esquerda), acompanhado pelo homólogo guineense, Sissoco Embaló (à direita), em conferência da CEDEAO, em dezembro de 2022, em Abuja, NigériaFoto: Afolabi Sotunde/REUTERS

"No plano interno, registou-se um salto qualitativo na luta contra a corrupção e vamos continuar a prestar uma redobrada atenção às questões sociais, nomeadamente à educação, à saúde e, em geral, às infraestruturas públicas, para o melhor bem-estar das nossas populações", lembrou. 

Mas segundo Sissoco Embaló, esses esforços e feitos positivos foram ameaçados com a tentativa de golpe de Estado de passado mês de fevereiro: "Os acontecimentos de 01 de fevereiro marcaram um dos momentos mais difíceis deste ano. E foram uma clara tentativa de reverter as mudanças positivas que estão a acontecer no nosso país", frisou. 

Umaro Sissoco Embaló referiu-se ainda às eleições legislativas que se vão realizar em 04 de junho de 2023, dirigindo-se aos cidadãos: "Apelo a todos os cidadãos em idade de votar para se recensearem, de modo a cumprirem o seu dever cívico e participar nas próximas eleições legislativas. Façamos tudo para demonstrar a nossa maturidade política e dignificar a nossa democracia e a Guiné-Bissau", apelou.

Sissoco não conseguiu melhorar vida dos guineenses

Ouvido pela DW África sobre este discurso do Presidente guineense, o professor universitário Miguel Gama não tem dúvidas de que "os ganhos de que o PR fala não tiveram nenhum impacto na vida dos cidadãos, pois o seu Governo não conseguiu resolver as questões mais prementes para os cidadãos". 

Guinea-Bissau | Miguel Gama
Miguel Gama, professor universitário Foto: DW/I. Danso

"O Governo não conseguiu travar a subida galopante dos produtos da primeira necessidade, agravando assim a situação de miséria dos funcionários públicos. O Governo não conseguiu resolver os problemas crónicos da educação e da saúde", criticou.

"Temos assistido a uma certa ausência de políticas públicas que respondem às necessidades da população, tanto nas áreas sociais como em outras áreas de interesse nacional. O próprio discurso do PR quase nada trouxe sobre a educação e a saúde", disse Miguel Gama. 

O académico defendeu que o discurso de Umaro Sissoco Embaló devia centrar-se em outros aspetos, nomeadamente sobre o tráfico de droga: "Esperava-se ouvir do PR algumas palavras que mostrassem um compromisso sério, do Governo de iniciativa presidencial, no combate à corrupção e ao tráfico de droga. Em termos de perspetivas, o discurso do PR foi vago. Não trouxe nenhuma proposta para fazer face aos vários desafios que o nosso país enfrenta", acrescentou. 

Para o professor universitário, foi mau o chefe de Estado não se referir, no seu discurso, a vários casos de raptos e espancamentos que marcaram o país no ano 2022, situação que o Miguel Gama considera ainda preocupante para todos os cidadãos.

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