Guerra aberta na FRELIMO em Quelimane
16 de janeiro de 2019Ainda se sentem os ecos das eleições autárquicas de outubro passado, em Quelimane. Instalou-se uma guerra no seio da FRELIMO, com vários membros a responsabilizar o secretariado do partido na cidade pelas derrotas nas autárquicas de 2011, 2013 e 2018. Acusam ainda o secretariado de má gestão dos recursos financeiros e humanos da FRELIMO.
Os membros do comité da cidade fizeram um abaixo-assinado por causa da atual situação política de Quelimane. "Trinta e oito membros do comité propõem que o secretariado cesse funções e que se crie uma comissão, de modo a chegar à realização da sessão extraordinária para a eleição do novo órgão do comité da cidade, que venha trabalhar e trazer sucessos no comité da cidade", declarou Armando Juma, um dos membros contestatários.
"Os membros sentem-se estrangulados com os resultados de 2011, 2013 e 2018. Também o comportamento do atual secretariado não compactua com aquilo que é a situação política na cidade", critica Juma.
Quem dirige Quelimane desde as eleições intercalares de 2011 é Manuel de Araújo, que pertenceu ao MDM e que, entretanto, se filiou na RENAMO.
Apoiantes apanhados de surpresa
Pita Meque, secretário da FRELIMO na cidade de Quelimane, não prestou qualquer informação à imprensa sobre a guerra interna no partido. O porta-voz do comité da FRELIMO, Santos Emílio, também se recusou a falar sobre o assunto.
Esta situação apanhou de surpresa muitos simpatizantes do partido na Zambézia. O analista político Carlos Victorino refere que a FRELIMO em Quelimane terá agora de tomar uma decisão fundamental: se opta, ou não, pela renovação.
"Aqui na cidade e na província da Zambézia, há um dilema muito grande. Quando se estraga uma coisa, não conseguem repor, temos de discutir e perceber onde é que está o erro", desafia Carlos Victorino, que é sobretudo apologista da ideia de "renovar as massas".
Os membros contestatários da FRELIMO em Quelimane aguardam a realização de uma reunião, para que o secretário da cidade e o seu coletivo cessem funções. No entanto, a reunião ainda não tem data marcada, segundo apurou a DW África junto do comité da FRELIMO em Quelimane.