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Governo de Luanda proíbe protesto de familiares de ativistas

Nelson Sul d'Angola (Benguela)21 de agosto de 2015

O Governo Provincial de Luanda proibiu um novo protesto a reivindicar a libertação dos 15 ativistas detidos. "Os nossos filhos estão sem refeição e estão a ser maltratados", disse uma das mães dos jovens à DW África.

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Marcha de mães de ativistas a 8 de agostoFoto: DW/P. Ndomba

Os familiares dos 15 ativistas detidos há mais de dois meses pelas autoridades angolanas, sob alegação de planearem um golpe de Estado, anunciaram, na quarta-feira, uma vigília de protesto, a 28 de agosto, para exigir a libertação dos seus parentes detidos.

De acordo com o portal Maka Angola, um dia depois de comunicarem o plano às autoridades, o Governo Provincial de Luanda proibiu a realização da manifestação das mães, irmãs e esposas dos 15 activistas detidos, alegando que a lei determina que "os cortejos e desfiles não podem ter lugar antes das 19h00 nos dias úteis".

A manifestação foi marcada para as 15h00 de uma sexta-feira.

Fome e maus-tratos

Entretanto, os ativistas detidos protestam, fazendo greve de fome. "Os nossos filhos estão doentes. Eles estão sem refeição e estão a ser maltratados", disse à DW África Adália Chivonde, mãe do ativista Manuel Nito Alves.

Mbanza Hamza
Ativista Mbanza HamzaFoto: privat

"Eles não querem receber ninguém, não querem falar com ninguém, não querem comer. Estão a passar mal com fraqueza. Estão mesmo muito doentes", afirmou, desesperada, Leonor João, mãe do ativista Mbanza Hamza.

Leonor João disse que o seu filho e outros ativistas não se alimentam há quatro dias. Há ainda relatos de que há jovens com problemas visuais, por estarem confinados em celas solitárias sem contacto com o sol.

A mãe do ativista Mbanza Hamza, lamentou, por outro lado, que esteja a ser mal interpretada e vista como traidora pelos familiares de outros detidos, por ter feito declarações nos órgãos públicos angolanos, onde chegou mesmo a desmentir a brutalidade policial na marcha de 8 de agosto.

"Todas as mamãs estão contra mim, porque eu fui ao procurador. Não querem mais falar comigo. O que o procurador nos disse é que, ao fazer mais manifestações, só vão piorar as coisas", disse Leonor João.

28 de agosto: múltiplos protestos

Entretanto, além da vigília programada pelas mães e familiares dos detidos, o Movimento Revolucionário está a preparar outra manifestação, marcada para 28 e 29 de agosto. Segundo Laurinda Gouveia, membro do movimento, o objetivo é apelar, mais uma vez, à libertação dos jovens detidos, tal como "pedir a demissão" do Presidente José Eduardo dos Santos.

Governo de Luanda proíbe protesto de familiares de ativistas detidos

Para dia 28, dia do aniversário do chefe de Estado angolano, está também previsto um "buzinão" a favor "da vida, da justiça, da liberdade, da democracia" – uma campanha que consiste em buzinar e bater tampas e panelas durante 15 minutos, lançada pelo diretor do jornal Folha 8, William Tonet.

As autoridades angolanas previam para esta semana o anúncio de uma provável soltura ou formalização da queixa-crime contra os 15 ativistas detidos. No entanto, até agora, os investigadores ainda não se pronunciaram.