Guiné-Bissau: Como resolver o problema da falta professores?
13 de março de 2024A ausência dos professores em várias escolas públicas, tanto do ensino básico como do ensino superior do país é registada desde a abertura do ano letivo 2023/2024 no mês de outubro do ano passado. Segundo o o diretor-geral dos Recursos Humanos do Ministro da Educação, Ensino Superior e Investigação Científica da Guiné-Bissau, a falta de professores deve-se ao abandono de vários professores por razões médicas, estudo e outros motivos.
Em entrevista à DW África, Moisés da Silva, anunciou que o Governo já colocou mais de mil professores para resolver a situação. No entanto, afirma ainda que "não são suficientes para satisfazer a demanda".
DW África: Em várias escolas públicas do país, os alunos protestam contra a falta de professores. Porque é que estão a faltar professores depois da abertura do ano letivo?
Moisés da Silva (MS): Logo no início do ano letivo tínhamos a previsão de algumas vagas. Conseguimos colocar professores desde o mês de janeiro nessas vagas - um número correspondente a 950 professores. Mas depois alguns professores abandonaram devido a problemas médicos, estudos e outros assuntos. Com estas ausências, começámos logo a fazer levantamentos de ocorrências nas escolas que não têm professores e vimos que muitas escolas foram afetadas pelas ausências, e os alunos começaram a fazer marchas e vigílias para exigir a colocação de novos professores.
DW África: O Ministério já tem alguma solução para este problema?
MS: Na segunda-feira (11.03) colocámos um grupo de 1.107 professores para poder colmatar essas vagas correspondentes às revindicações dos alunos. Essas colocações não chegam para cumprir toda a necessidade existente. Mas até a sexta-feira (15.03), vamos ver ainda a possibilidade de fazer aas últimas atualizações e fazer imediatamente também a colocação dos professores nas escolas. Alguém pode perguntar porque colocamos os professores no mês de março. Mas é um assunto que surgiu no meio o ano letivo, quando muitos professores abandonaram e temos de ver a possibilidade de fazer a correção rápida de afetação dos professores.
DW África: Esta colocação é ao nível do território nacional?
MS: A colocação é em todo o território nacional. Por exemplo ao nível regional, os setores mais distantes têm mais problema de falta de professores ao nível do ensino básico (do primeiro ao quarto ano). É ali que há mais problemas em termos de colocação dos professores.
DW África: Os alunos dizem que encerraram o primeiro trimestre sem estudar algumas disciplinas por conta da falta de professores. Como o Ministério pretende resolver esta questão de matérias atrasadas para cumprir com o cronograma letivo?
MS: Desde o início do ano letivo, no mês de outubro e até dezembro, algumas escolas não têm professores das disciplinas de Física, Matemática, Biologia e Química. É disso que os alunos reclamam mais. Então, certamente que vamos tentar contribuir para a recuperação desses cinco meses perdidos, para ver se os alunos vão conseguir ter a formação relacionada ao nível de aprendizagem que eles precisam, tendo em conta os conteúdos. Significa que vão ter essas aulas até o mês de julho e, se há possibilidade de ter as aulas de compensação, é possível que o Ministério também vá verificar isto.
O Ministério está muito atento a toda esta situação, assim como às necessidades dos alunos porque, na verdade, os alunos precisam de ter todos os professores para terem mais conhecimentos e concluir o ano letivo, e isso é da preocupação do Ministério. Mas neste momento, estamos a fazer a colocação. Peço que eles tenham calma porque nós estamos a resolver o problema. Se tudo correr bem, ainda neste mês vão ter todos professores que necessitam para o bem do sistema.
.