Governador de Nampula: Dificuldades em trabalhar com RENAMO
1 de setembro de 2020O governador da província moçambicana de Nampula, Manuel Rodrigues, acusa os autarcas eleitos pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) de estarem a isolar-se e de auto-excluírem-se dos programas que julga que seriam executados de forma conjunta para o desenvolvimento da província.
Manuel Rodrigues considera que isso se deve pela falta de maturidade administrativa e de sentido patriótico dos edis da RENAMO. Já os autarcas discordam e dizem que nunca foram solicitados para um trabalho. Os edis entendem que Manuel Rodrigues e o seu partido, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), não estão preparados para a cultura de convivência democrática.
Mas, segundo o governador, "quando fazemos os nossos planos quinquenais, tanto ao nível do município quanto ao nível do Governo descentralizado ou da Representação do Estado, há toda a necessidade de nós termos em conta aquilo que é o programa nacional do país e do Plano Económico e Social".
"Esta visão conjunta de todos os atores de desenvolvimento faz com que haja essa necessidade de dialogarmos e coordenarmos, e por isso não existe o espaço para que haja a separação ou atuação isolada de uma entidade da outra", disse o governador à DW.
Últimas eleições
A província moçambicana de Nampula conta com sete municípios. Destes, seis foram ganhos pela RENAMO nas últimas eleições autárquicas, realizadas em 2018. O governador da mais populosa província do país diz que em várias ocasiões os edis, sendo o mais recorrente o da cidade de Nampula, Paulo Vahanle, foram convidados a participar em eventos públicos, mas marcaram pela ausência.
"Quando nós fazemos uma atividade e contamos com a presença de todos os atores, que são convidados e não aparecem, ficamos tristes, de facto. E dizemos que é pena, porque eles teriam a oportunidade de, estando connosco, apresentar os seus pontos de vistas", lamentou.
Face à polémica, o governante conclui que os problemas dos presidentes dos municípios geridos pela RENAMO prendem-se com "a falta de maturidade administrativa e a falta de sentido patriótico".
"Nunca fomos solicitados"
Entretanto, os autarcas discordam e dizem que nunca foram solicitados para um trabalho e, por isso, optaram por boicotar os eventos públicos promovidos pelo Governo da província. E os edis entendem que o Manuel Rodrigues e o seu partido, a FRELIMO, não estão preparados para a cultura de convivência democrática.
Ismail Chacufa, presidente da cidade da Ilha de Moçambique, foi o único dos seis edis da RENAMO que esteve disponível para falar à DW África sobre as acusações do governador em Nampula.
"Eu vou-me auto-excluir num território onde fui eleito por medo de quem? Esse governador que diz que nós estamos a nos auto-excluir, desde quando já nos chamou e dissemos-lhe 'não queremos' por sermos da RENAMO?", questionou Chacufa.
Entretanto, a falta de convivência política entre os gestores da oposição e do partido no poder em Moçambique, a FRELIMO, não é algo novo no país.