Golpe no Níger: Militares denunciam sanções da CEDEAO
14 de agosto de 2023Os militares que fizeram ogolpe de Estado em julho no Níger denunciaram no domingo à noite "as sanções ilegais, desumanas e humilhantes" da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Num comunicado lido na televisão nacional do Níger, um dos membros do regime, o major coronel Amadou Abdramane, disse que as sanções da CEDEAO estão a "severamente prejudicar" a população do país.
Abdramane disse que as sanções impostas devido ao afastamento do Presidente eleito Mohamed Bazoum "chegam a privar o país de produtos farmacêuticos, alimentares" e do fornecimento de energia elétrica".
No mesmo comunicado, o major coronel disse que o regime militar quer processar Bazoum "e os seus cúmplices internos e estrangeiros, por alta traição e atentado à segurança interna e externa do Níger".
Processar presidente deposto por "alta traição"
Os militares que fizeram o golpe de Estado em julho no Níger anunciaram no domingo que querem processar o presidente deposto, Mohamed Bazoum, por "alta traição" e "ataque à segurança do país".
Num comunicado lido na televisão nacional, o major coronel Amadou Abdramane, um dos membros do regime militar, disse que estão reunidas "provas para processar, perante as autoridades nacionais e internacionais competentes, o presidente deposto e os seus cúmplices internos e estrangeiros, por alta traição e atentado à segurança interna e externa do Níger".
Conversar com a CEDEAO
No domingo, a junta militar no poder no Níger manifestou vontade de conversar com CEDEAO.
"A junta militar do Níger quer iniciar conversações com a CEDEAO para resolver a crise que o país atravessa e levantar as sanções que lhe são impostas", disse à agência de notícias espanhola EFE o xeque Abdul Rahman Ahmad, imã chefe da Ansar Ud Society da Nigéria, uma organização muçulmana.
O golpe de Estado
O golpe de Estado no Níger de 26 de julho foi liderado pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Nação, que anunciou a destituição do Presidente e a suspensão da Constituição.
Os militares justificaram o golpe com a "contínua deterioração da situação de segurança e má gestão económica e social" e sublinharam que "todas as instituições" da república estão suspensas.
O golpe foi condenado pela comunidade internacional, nomeadamente a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Africana, a Organização da Nações Unidas.
Em 30 de julho, quatro dias após o golpe, os líderes da CEDEAO decidiram sancionar financeiramente o Níger e deram aos militares um ultimato de sete dias para restaurar a ordem constitucional, ameaçando um possível uso da força como último recurso.