Imbondeiros: frutos saudáveis e com potencial económico
5 de agosto de 2016
Os imbondeiros, baobabes ou cabaceiras são um gênero de árvores nativas da ilha de Madagascar, do continente africano. Uma espécie mítica que se desenvolve em zonas sazonalmente áridas.
Em Angola e Moçambique, esta árvore é conhecida por embondeiro, ou imbondeiro. Em certas regiões de Moçambique, o tronco desta árvore é escavado por carpinteiros especializados para servir como cisterna comunitária. Nestes e noutros países, com destaque para o Zimbabué, os frutos do imbondeiro são também cada vez mais apreciados.
Zimbabué: frutos que antes eram rejeitados hoje são apanhados
Em Chiswiti, uma pequena aldeia no nordeste do Zimbabué, os repórteres da DW marcaram entrevista com o soba Shorty Kanzou, mais conhecido por "Chief Chiswiti“. Ele não se cansa de elogiar os baobabes, as árvores que tão bem resistem à seca e ao calor. Chief Chiswiti elogia também os frutos do Imbondeiro, que podem ter até 25 centímetros de comprimento, e que têm no seu interior um miolo seco e comestível, que se desfaz facilmente na boca, sendo o seu sabor agridoce. Este fruto é rico em vitaminas e minerais, afirma Chief Chiswiti.
O fruto do Imbondeiro, múcua, é cada vez mais apreciado em determinados países africanos e inclusivé no estrangeiro, sublinha ainda Chief Chiswiti: "Sobretudo desde que se descobriu que se trata de um fruto rico em vitaminas e minerais."
Imbondeiro, fonte de energia: vitaminas, cálcio e potássio em abundância
O "fruto milagroso", como alguns já o apelidam, tem duas vezes mais cálcio que o leite e é rico em antioxidantes, ferro e potássio, e tem seis vezes mais vitamina C do que uma laranja. As folhas podem ser comidas e as sementes produzem óleo comestível.
Ao dissolver-se a múcua em água a ferver obtém-se o sumo de múcua que, depois de arrefecido, é tomado como uma bebida fresca com um sabor muito apreciado em determinados países, com destaque para a Guiné-Bissau, onde é conhecido como "sumo de cabaceira".
Baobabes abrem oportunidades de negócio
Gus Le Breton, empresário e ecologista sediado em Harare, capital do Zimbabué, confirma, em entrevista à DW África que "os imbondeiros e os respetivos frutos têm vindo a ganhar fama a nível internacional"; isto precisamente numa altura, em que também se regista um aumento das chamadas 'doenças civilizacionais'.
Le Breton afirma que os baobabes podem constituir uma solução para determinados problemas: "Certas doenças poderiam ser evitadas se nós nos lembrássemos de certos alimentos que costumávamos consumir no campo e que depois deixámos de consumir. Algumas pessoas até passaram a sentir vergonha de comer esses alimentos, considerados muito simples, mas que ajudam a prevenir certas doenças."
Gus Le Breton fundou uma empresa de nome "B'Ayoba" que se especializou em comercializar os baobabes e os respetivos frutos a nível internacional. Gus Le Breton contribui assim para a criação de milhares de postos de trabalho. Mais de 2mil mulheres trabalham para ele, na apanha dos frutos.
Apanha dos frutos dos baobabes pode ser rentável
Um projeto que o soba Chief Chiswiti não deixa de elogiar: Pois qualquer rendimento que as mulheres possam ter, nesta região afastada dos grandes centros urbanos, é sempre bem vindo: "Mesmo que ganhem apenas um dólar por dia, já podem comprar alguns produtos essenciais, como açucar o sal. Há pessoas idosas que precisam de uma atividade, sobretudo quando não podem contar com o apoio dos seus filhos. Nesse caso, ir para a apanha dos frutos dos baobabes pode ser uma boa alternativa."
Já em 2008, a União Europeia aprovou a utilização e consumo de fruto de Imbondeiro como ingrediente em barras de cereais. Também as autoridades dos Estados Unidos da América, reconheceram como seguro o uso da polpa do fruto como ingrediente alimentar.
Uma organização sem fins lucrativos, a PhytoTrade África, tem planos para comercializar o fruto para benefício de cerca de 2,5 milhões de famílias mais pobres na África Austral.