Frente Patriótica Unida relançada em Angola
23 de dezembro de 2021A agenda de trabalho da aliança da oposição tinha sido suspensa por causa do acórdão do Tribunal Constitucional que anulou o congresso da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), realizado em 2019.
A Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma política que congrega os partidos UNITA, Bloco Democrático e o projeto PRA-JA Servir Angola, está de "volta e mais forte" para a alternância política, disse a organização na sua declaração de relançamento.
O presidente da UNITA e líder da FPU, Adalberto Costa Júnior, disse estar a ser "injustiçado e perseguido" pelas instituições do Estado angolano. Para o político, o próprio acórdão que o afastou da liderança do Galo Negro em outubro é prova de que o regime "está esgotado" e recorre a tribunais para criar instabilidade em Angola.
FPU prepara-se para governar
Por isso, o presidente da UNITA acredita numa vitória nas eleições gerais de agosto de 2022. "Hoje mais do que nunca, os angolanos mostram a sua firme decisão de mudança. Habita-nos a certeza de que em 2022 vamos vencer as eleições", disse Costa Júnior, acrescentando: "Esta é uma onda contagiante e visível em todo o território nacional." O político manifestou ainda a convicção de que o povo não vai permitir a fraude eleitoral.
Costa Júnior tentou mobilizar os angolanos em prol da aliança da oposição. "A FPU quer apelar a todas as mulheres, às mães deste país, a toda a juventude, essa juventude que se sente frustrada, desamparada, sem perspetivas de futuro, sem emprego, vítimas de uma educação de pouca qualidade, e muita dela sem ter tido acesso à escola, essa juventude que não tem emprego ou vive na informalidade".
O presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, afirma que a Frente Patriótica Unida prepara um programa comum de Governo e uma estratégia de trabalho na Assembleia Nacional para o período após às eleições gerais.
Promessas de mudança profunda
"Nada disso pode acontecer sem o concurso pleno da sociedade angolana de todos os setores" disse Vieira Lopes, que prometeu que um Governo da FPU estaria "verdadeiramente preocupado com os problemas do povo e o progresso da nação".
Para Abel Chivukuvuku, coordenador do PRA-JA Servir Angola, 2022 será o ano que definirá o destino dos angolanos. O político pediu a confiança dos eleitores. "Nós é que temos que fazer a alternância", disse. E acrescentou que, se ao fim de cinco anos no Governo a FPU não tiver cumprido as suas promessas, "tereis a oportunidade, em 2027, de nos pôr na rua".
No seu ato de reafirmação, a FPU considerou que 2021 foi o ano do reforço do autoritarismo, acusando o partido no poder de colocar exclusivamente a seu serviço os órgãos da Justiça, entre os quais o Tribunal Constitucional, bem como a "captura" da imprensa estatal.