FMI retoma relações com a Guiné-Bissau
Depois do Banco Mundial ter anunciado a retoma de imediato aos projetos que tinha em curso na Guiné-Bissau, suspensos após o golpe de militar do ano passado, agora é a vez do Fundo Monetário Internacional (FMI) retomar as suas atividades no país.
O responsável da missão técnica do FMI no país, Maurice Villaverde, garantiu: "Retomamos completamente por isso estamos cá, iremos discutir os próximos passos da nossa relação. Vamos manter um diálogo constante e fluido nas próximas semanas."
Ainda de acordo com Villaverde estão previstos encontros entre o FMI e as autoridades económicas guineenses.
As duas instituições financeiras garantem apenas a continuidade dos projetos que estavam em curso e que tinham parado a 12 de abril passado, aquando do golpe de Estado que depôs o Governo eleito.
O Banco Mundial, por exemplo, tinha projetos que envolviam cerca de 18 milhões de dólares. Mas ressalvaram que novos apoios só virão depois do levantamento completo das sanções da comunidade internacional.
É que tanto o Banco Mundial como o FMI, exigem da Guiné-Bissau um clima de estabilidade e o respeito pelas instituições democraticamente eleitas.
FMI, o isco para atrair mais investimentos
Com o regresso das duas instituições financeiras, o ministro das Finanças do Governo de transição, Abubacar Dahaba, acredita que os outros doadores internacionais irão voltar ao país: "A avaliação dessa missão é que o FMI retomou as suas atividades, a assitência técnica e financeira a Guiné-Bissau. Portanto, o Governo de transição tem de trabalhar para fazer voltar a comunidade internacional, sobretudo as instituições financeiras internacionais."
A missão do FMI que esteve no país para reatar o diálogo com as autoridades de transição, foi apenas uma missão exploratória com o objetivo de entender melhor qual foi o desenvolvimento económico no ano passado, as perspetivas para 2013, e os planos económicos do Governo de Transição.
Maurice Villaverde, que terminou nesta quarta-feira (20.02.) os contactos com as autoridades de transição, cita alguns dos tópicos discutidos com Bissau: "Por exemplo, como prover comentários sobre questões económicas, trabalhando no Orçamento de 2013 e analisando as provisões e receitas, tanto internas como externas, definir um nível de defesa realista e apropriado."
Na próxima semana temos previsto uma reunião com o ministro das Finanças em Washington, a capital norte-americana, e em abril a missão voltará para prosseguir o diálogo.
Os efeitos da instabilidade política
Em resultados desse progressos Abubacar Demba Dahaba, ministro das Finanças, está optimista e também consciente: "A nossa avaliação é positiva porque vai permitir ao país retomar o diálogo com essas instituições financeiras poderosas do mundo, e que dificilmente a Guiné-Bissau sozinha conseguiria atingir objetivos de desenvolvimento."
O Governo transição, isolado pela comunidade internacional, acredita que com o regresso do FMI e do Banco Mundial, outros doadores retomarão a cooperação com a Guiné-Bissau.
De lembrar que em novembro de 2012 o FMI informou que a economia guineense recuou o ano passado devido a instabilidade política do país.
De acordo com a instituição de Bretton Woods, após "um forte crescimento económico" em 2011, com o Produto Interno Bruto (PIB) a avançar 5,3 por cento, a economia da Guiné-Bissau sofreu uma quebra, devido à queda na venda da castanha na sequência do golpe de Estado de 12 de abril.
Caju, um dos motores da economia
O FMI considera que a situação política tem afetado negativamente o desempenho fiscal do país, apesar de com a normalização das exportações da castanha de caju a economia guineense poder recuperaro seu crescimento. Recorde-se que este é o principal produto de exportação da Guiné-Bissau.
A União Europeia apoia o processamento e comercialização da castaha de caju e seus derivados através de um projeto iniciado em 2011 denominado "Promoção da transformação local de caju".
Dos 580 mil euros destinados a iniciativa, 75% vem da União Europeia, e abrange as regiões de Bafatá (leste) e Cacheu (norte).
Autor: Braima Darame (Bissau) / Lusa
Edição: Nádia Issufo / Helena Ferro de Gouveia