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Financiamento do BM será caminho para autarquias em Angola?

Manuel Luamba
10 de maio de 2023

Debate sobre as autarquias voltou, depois de a ministra angolana das Finanças ter dito que se caminha para a criação do poder local, após acordo com Banco Mundial (BM) para projetar autonomia financeira nos municípios.

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Sede do Banco Mundial em Washington
Sede do Banco Mundial em WashingtonFoto: Daniel Slim/AFP/Getty Images

A recente entrevista dada pela ministra angolana das Finanças à televisão pública portuguesa continua a gerar debate. No passado domingo (07.05), Vera Daves disse que um acordo celebrado com o Banco Mundial vai projetar a autonomia financeira nos municípios e será um caminho para as autarquias em Angola.

"É o caminho que estamos a percorrer para tornar o processo da criação das autarquias o mais rápido possível", declarou a minista à RTP África.

"Este projeto visa nestes municípios-alvo reforçar a capacidade das administrações municipais para fazer planeamento territorial, para fazer planeamento urbano, para gerir as suas proprias finanças e é o nosso primeiro ensaio de um progama que desambolsa a favor dos municípios em função das metas que forem alcançadas", explicou Vera Daves.

Lei das autarquias por aprovar

O jurista Agostinho Canando lembra que até agora a Lei de Institucionalização das Autarquias Locais não foi aprovada pelo Parlamento angolano por falta de vontade política do partido no poder, o MPLA.

"Possivelmente há um sério e justo receio de implementar de forma prática a institucionalização das autarquias locais por via da última lei que visa institucionalizá-las, porque possivelmente já percebeu que em termos políticos irá perder um certo prestígio ou uma certa endurance no mosaico político angolano", explica.

Fernando Sakwayela insiste no despertar de consciências em Angola
Fernando Sakwayela insiste no despertar de consciências em AngolaFoto: Privat

Enquanto não se aprova esta lei para a conclusão de Pacote Legislativo Autárquico, em Angola questiona-se quando serão finalmente efetivadas estas eleições.

O ativista angolano Fernando Sakwayela , do Movimento Jovens pelas Autarquias (MJA), organização que se bate pela institucionalização das autarquias locais em Angola e que tem levado a cabo ações de protesto para apelar a realização das eleições, entende que é necessário pressionar o governo.

"É fundamentalíssimo o despertar de consciência para criarmos junto das comunidades e dos cidadãos uma vontade sui generis de lutarem, instarem, pressionarem da parte de quem decide, da parte de quem governa a efetivação do poder local para o presente ano de 2023", sublinha.

Jovens angolanos protestam contra gradualismo das autarquias