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Fim da greve na mina da empresa sul-africana Lonmin

19 de setembro de 2012

Após 6 semanas de greve na mina de platina da empresa Lonmin, em Marikana, África do Sul, os mineiros sul-africanos vão voltar ao trabalho. As suas exigências garantidas, nomeadamente um aumento salarial de 22 por cento.

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Foto: Getty Images

Os trabalhadores passam a receber pouco mais de 11 mil rands, embora exigissem 12,500 rands desde o início dos protestos. Ainda assim, ambas as partes estão satisfeitas com o final das conturbadas manifestações.

Celebração da dura conquista

28 mil trabalhadores vão beneficiar da conquista alcançada pelo organismo de relações laborais do governo – na sua sigla em inglês CCMA (Commission for Conciliation, Arbitration and Mediation). Bernard Mokoena assinou o acordo com os representantes dos trabalhadores, uniões de sindicatos e o CCMA em nome da Lonmin e explica que para além do aumento de 22% no ordenado, os trabalhadores vão ainda receber um pagamento único de 2 mil rands já que “no final do mês, não [vão] receber qualquer pagamento ou salários.”  

Um representante dos trabalhadores, Zolisa Bodlani, afirma que o acordo foi bem-vindo, apesar de não terem conseguido os 12 mil e 500 rands que exigiam, já que não queriam que ninguém perdesse o emprego. Mas a utilização de soldados e polícia para demover os grevistas pesou também na decisão dos mineiros: “Viu-se a atitude do Governo, a ajudar a administração. Estavam a tentar dividir-nos. E decidimos evitar isso. Por isso, a melhor maneira foi aceitar o que eles nos deram e assim, pelo menos, voltamos ao trabalho, ninguém é despedido, ninguém perde o seu emprego”, afirma Zolisa Bodlani.  

Arbeitskampf in südafrikanischer Mine Marikana
Analistas temem que o caso Marikana abra precedentes para greves ilegaisFoto: Reuters

Possível abertura de precedentes para greves ilegais

Mas, apesar de o acordo chegar em forma de alívio para todos os implicados, vários analistas laborais deixam o aviso: o caso pode abrir um precedente para outras greves ilegais. Tony Hurley, consultor de relações laborais, por exemplo está cético em relação aos benefícios futuros do desfecho desta greve. “Agrada a todos que o acordo tenha posto um ponto final neste capítulo. Mas o que acontece agora é que ele abre um precedente talvez para futuros comportamentos desta natureza, onde vemos ações de greve ilegais para conseguir aumentos para além dos já acordados. E por isso, não estou certo de que este é um desenvolvimento saudável”, declara o consultor.

Para além das consequências económicas para a África do Sul, como as greves de outros mineiros e outros sectores e o encerramento de empresas, o caso de Marikana abre ainda a porta à instabilidade política. É o que explica Hubertus Welck, Director Regional para África, da Fundação alemã Friedrich Naumann, em Joanesburgo: “O ANC e o próprio governo não fizeram nada no início desta greve. E mesmo mais tarde, enviaram a polícia, o que teve consequências catastróficas.”  

Consequências políticas da greve

Na óptica do analista, a greve de Marikana pode mesmo servir para derrotar o presidente Jacob Zuma: “É preciso olhar para isso tendo em conta que o partido do governo terá a sua convenção no final do ano. E os candidatos estão a preparar-se para competirem pela presidência do partido. Os adversários do presidente Zuma vão usar este conflito e dizer: ‘olhem, vocês mataram trabalhadores, o governo não os estava a apoiar nem a melhorar as condições das minas ou as condições de vida dos mineiros.’ Há muitas questões que os adversários podem levantar e confrontar Zuma na conferência.”

Südafrikanischer Bergarbeiterstreik Gewalt und Tote in Marikana
Violência em Marikana resultou em mortos e feridosFoto: Reuters

Alcançado após 6 semanas de greve, espera-se agora que o acordo da Lonmin sirva de exemplo para as minas de platina e crómio vizinhas, onde os mineiros continuam em greve. De acordo com os especialistas, a certeza, para já, é a de que a estabilidade económica e política da África do Sul sairá abalada deste conflito.

Autores: Subry Govender / Chrispin Mwakideu /  Maria João Pinto
Edição: Carla Fernandes / António Rocha

19.09.12 África do Sul-Marikana - MP3-Mono