1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Filho de Presidente angolano suspeito de lavagem de dinheiro

24 de março de 2011

José Filomeno dos Santos, filho do Presidente angolano, tido por alguns observadores um potencial sucessor à chefia do Estado, está na mira da imprensa alemã e suíça por alegados negócios ilícitos.

https://p.dw.com/p/RCJr
Dinheiros ilícitos angolanos poderão ter chegado à AlemanhaFoto: fotolia

Zenu, diminutivo pelo qual é conhecido José Filomeno dos Santos, é um homem que já estagiou e trabalhou em várias empresas do regime: foi quadro na Sonangol e foi diretor-adjunto da sua subsidiária AAA, antes de se lançar no mundo dos negócios internacionais: passou pela Suécia, estudou em Inglaterra e participou em vários projetos, como a “Afrikanische Innovations Stiftung”, Fundação para Inovação de África em português, com sede na Suíça.

O jornalista suíço especializado em economia, Lukas Hässig, recentemente publicou um artigo sobre as atividades de Zenu dos Santos naquele país, no qual explica que a fundação foi criada pelo filho do presidente angolano, alegadamente para financiar obras de beneficência em África. “Zenu dos Santos pretende assim criar uma imagem positiva de si próprio”, afirma Hässig.

O dirigente da fundação é um advogado suíço chamado Thomas Ladner, que, ao mesmo tempo, dirige também uma empresa de serviços financeiros de nome Quantum na Suíça. Zenu dos Santos é também um dos promotores do banco Quantum Angola: “Isto para mim é uma teia de empresas - uma rede angolana - sempre com os mesmos protagonistas que trabalham todos em conjunto”, diz o jornalista Lukas Hässig.

Bundesbankpräsident Ernst Welteke
Ernst Welteke foi governador do Banco Central Alemão, BundesbankFoto: AP

O papel pouco claro de um banqueiro alemão

Por trás dos negócios de Zenu dos Santos está Jean-Claude de Morais Bastos, um cidadão suíço originário de Cabinda. Foi através dele que Zenu criou o seu próprio Banco, o “Quantum” recrutando para os seus quadros Ernst Welteke, ex-presidente do Banco Central da Alemanha, que hoje assume as funções de Presidente do Conselho de Administração.

Hässig considera ser “muito peculiar” um ex-presidente do Bundesbank cumprir esta função num banco em Angola, e, ao mesmo tempo, num banco na Suíça com o mesmo nome, mas que - alegadamente - nada têm a ver um com o outro. "Mas olhando para as direções denota-se que são praticamente idênticas. Ernst Weltecke pertence aos dois conselhos de administração e também o cidadão suíço-angolano Basto de Morais está em ambas as empresas".

Acusações de lavagem de dinheiro

Flüchtlingskind in Angola
A diferença entre ricos e pobres em Angola aumentaFoto: AP

Observadores angolanos residentes na Alemanha já lançaram publicamente acusações graves contra esta rede que classificam de máquina de lavagem de dinheiros desviados das finanças públicas angolanas. A lavagem seria feita com a participação e ajuda de personalidades alemãs, como Ernst Welteke, escreve o jornalista angolano residente na Alemanha, Emanuel Matondo, num artigo publicado na revista alemã "afrika Süd". Título do artigo: “Dinheiro sujo procura lavagem”.

O jornalista suíço, Lukas Hässig, diz que apesar de haver indícios, por enquanto não há provas. A Deutsche Welle tentou - em vão - contactar Ernst Welteke, membro do partido Social-Democrata Alemão, que em 2004 foi obrigado a demitir-se do Banco Central Alemão por suspeita de corrupção.

Autor: António Cascais/Cristina Krippahl

Revisão: Helena Ferro de Gouveia