Fidel Castro: Herói ou ditador sanguinário?
26 de novembro de 2016Embora doente e afastado do poder há algum tempo, para os cubanos a morte de Fidel Castro é um choque. Morte e Fidel eram duas palavras que não combinavam. Tanto mais que Castro lhe parecia imune: em 1953, com apenas 113 rebeldes armados, conduziu um ataque armado contra o maior quartel-general da ditadura de Fulgêncio Batista, e sobreviveu.
Mas não só isso: segundo a contagem oficial, registaram-se 600 tentativas de atentado contra a sua vida, todas fracassadas, claro. E, bem humorado, o próprio Castro comentava: "Como não tiveram sorte, não tiveram sucesso nas suas tentativas, eles dizem que estou doente ou morto. Na verdade, eu tenho apenas um problema. Se um dia eu estiver realmente morto, ninguém acreditará".
O revolucionário
Dizia-se que as mulheres o amavam e os homens o seguiam. Ao menos os cubanos pobres, pois as elites fugiram para os Estados Unidos da América logo após a revolução, ou o mais tardar em 1961, quando Fidel Castro transformou a sua revolução anti-fascista numa revolução socialista: "Esta é uma revolução democrática e socialista do povo humilde para o povo humilde. E estamos prontos a dar a nossa vida por essa revolução socialista. Operários e camponeses, homens e mulheres prometem defendê-la até à última gota de sangue."
Fidel Castro não tinha origem humilde. Era filho de um fazendeiro rico que se reinventou com líder comunista. Quatro décadas mais tarde, quando do muro de Berlim já só restavam escombros e a União Soviética era uma memória, Fidel Castro continuava no poder como um dinossauro comunista. Viu onze Presidentes americanos passarem pela Casa Branca, todos eles seus inimigos de estimação e o seu pretexto preferido para governar com mão de ferro.
Mão de ferro
A ameaça do norte e o embargo permamente proclamado por Washington sempre serviram de desculpa para os problemas económicos e a pobreza de um povo inteiro. E quem discordasse publicamente com esta avaliação corria o risco de ir parar à cadeia.
Porque a par da assistência médica, da alimentação básica e da alfabetização, Castro também trouxe ao seu povo a opressão, a arbitrariedade e o paternalismo, para não mencionar os discursos: "Sim, lutarei toda a minha vida, enquanto a razão não me abandonar, até ao último segundo.”
Mas, na verdade, em 2006 problemas de saúde obrigaram o Presidente a entregar o poder ao vice-presidente, o seu irmão Raúl Castro, que acabou por ser eleito em 2008, quando Fidel se retirou oficialmente da política. O novo Presidente encetou algumas reformas no sentido de liberalizar a economia. Com a morte de Fidel, há quem tenha esperanças que se sigam agora rapidamente as reformas políticas já iniciadas.