Extrema-direita alemã vence pela 1ª vez desde a II Guerra
1 de setembro de 2024É o primeiro partido de extrema-direita a vencer uma disputa eleitoral na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial - o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) foi o mais votado nas eleições regionais no estado da Turíngia.
Agora, na sequência das eleições estaduais nos estados da Saxónia e da Turíngia, na leste da Alemanha, há sinais de grandes convulsões políticas, que poderão também ter repercussões na política federal.
A vitória da AfD ocorreuna mesma região onde os nazis participaram pela primeira vez num governo regional, em 1930.
Sondagem
Uma sondagem à boca das urnas Infratest Dimap indica que a AfD terá alcançado na Turíngia entre 30,5% e 33,5% dos votos, alcançando hoje uma vitória nas eleições regionais, à frente da União Democrata Cristã (CDU), que teve cerca de 24,5%.
Na Saxónia, a projeção indica que a CDU terá conseguido resistir, com 31,5%, ligeiramente à frente da AfD, que terá tido 30%. O Partido Social Democrata (SPD) ficou em quarto lugar, com 8,5%, seguido pelos "Verdes" (5,5%) e "A Esquerda" (4%) terá ficado de fora do parlamento regional.
Em terceiro lugar nos dois estados ficou a Aliança Sahra Wagenknecht - Pela Razão e Justiça (BSW), um novo partido, que é considerado de extrema-esquerda. Segundo as projeções, na Saxónia a BSW terá obtido 12% dos votos, enquanto na Turíngia terá alcançado 16%.
"Objetivo declarado"
No entanto, o objetivo declarado dos outros partidos é impedir que o líder de extrema-direita da AfD, Björn Höcke, se torne primeiro-ministro.
Na Saxónia e na Turíngia, o partido AfD é classificado pelos serviços secretos de ambos os estados federais como um partido de extrema-direita e é monitorizado em conformidade.
Mas, com 31 lugares possíveis, a AfD poderia mesmo obter uma minoria de bloqueio no parlamento estadual, que poderia utilizar para bloquear certas decisões.
Podem formar governo?
As possibilidades de a AfD formar um governo, no entanto, são remotas, a menos que algum partido rompa o cordão que foi imposto e que, embora tenha sido quebrado ocasionalmente em votações específicas, é pouco provável que conduza à eleição do líder Björn Hocke.
Para já, o secretário-geral do partido conservador alemão CDU rejeitou hoje coligações com a AfD para formar maioria parlamentar na Turíngia, onde o partido rival de extrema-direita deverá ter uma vitória histórica, e na Saxónia, onde ambos estão praticamente empatados.
BSW
Com o BSW, recém-criado partido de esquerda projetado para ser o terceiro partido mais forte na Turíngia, a líder do BSW, Sahra Wagenknecht, deu a entender que pretende fazer uma coligação com a conservadora União Democrata Cristã (CDU),
"Esperamos poder vir a ter um bom governo com a CDU - provavelmente também com o SPD [centro-esquerda]", disse Wagenknecht aos média alemães.
Wagenknecht rejeitou mais uma vez a ideia de governar em conjunto com a AfD e denunciou o líder radical Björn Höcke pela sua visão nacionalista do mundo.
Ao mesmo tempo, Wagenknecht disse que o BSW precisaria de ver mudanças na política externa da Alemanha antes de se juntar a um governo estadual.
Em linha com as suas declarações anteriores sobre a prossecução das conversações sobre a guerra na Ucrânia, a líder da esquerda disse que deveria haver mais "paz e diplomacia".
"Estas serão as nossas condições para um governo", disse ela.