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SociedadeMédio Oriente

Explosão em Beirute: Presidente não descarta "ação externa”

Lusa | mc
7 de agosto de 2020

Michel Aoun admite que não descartou a hipótese de uma ação externa na explosão de 2,750 toneladas de nitrato de amónio no porto de Beirute, no Líbano, na terça-feira (04.08). ONU pede investigação independente.

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Libanon Beirut | nach Explosion im Hafenviertel | Ruinen
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Camus

O Presidente do Líbano afirmou nesta sexta-feira (07.08) que ainda não estão determinadas as causas da explosão no porto de Beirute e que não descartou uma ação externa.

"É possível que tenha sido causada por negligência ou por uma ação externa, com um míssil ou uma bomba", declarou o Chefe de Estado à imprensa local, três dias após a catástrofe que causou 154 mortos e milhares de feridos, de acordo com último balanço.

É a primeira vez que um responsável libanês evoca uma pista externa no caso das explosões, que as autoridades libanesas têm atribuído a um incêndio num entreposto onde se encontravam armazenadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio.

O Chefe de Estado, de 85 anos, adiantou ter pedido na quinta-feira (06.08) "pessoalmente" ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que recebeu no palácio presidencial, "para fornecer imagens aéreas para que se possa determinar se havia aviões no espaço (aéreo) ou mísseis" na altura da explosão na terça-feira (04.08).

"Se os franceses não dispuserem dessas imagens pediremos a outros países", avançou.

Investigação independente

Libanon | Nach der schweren Explosion in Beirut | Präsident Michel Aoun
Michel Aoun, Presidente do LíbanoFoto: picture-alliance/dpa/Dalati & Nohra

Aoun rejeitou ainda qualquer investigação internacional sobre o assunto, considerando que isso apenas "enfraqueceria a verdade".

Por outro lado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu esta sexta-feira (07.08) uma investigação independente às explosões, insistindo que "os pedidos de responsabilização das vítimas devem ser ouvidos", depois de Emmanuel Macron ter apelado na quinta-feira a um inquérito internacional "transparente".

O Presidente libanês concordou, contudo, com o seu homólogo francês que apelou aos responsáveis do Líbano para "mudarem o sistema".

"Enfrentamos uma revisão do nosso sistema consensual, porque está paralisado e não permite que sejam tomadas decisões que possam ser aplicadas rapidamente: devem ser consensuais e passar por várias autoridades", disse Aoun, criticado por grande parte da opinião pública libanesa, ainda mais desde as devastadoras explosões no porto da capital libanesa.

Porquê tanto amónio?

Sobre a existência de 2.750 toneladas de nitrato de amónio no porto da cidade, Aoun disse ter sido informado do assunto no dia 20 de julho e acrescentou ter "ordenado imediatamente" as autoridades militares e de segurança para fazerem o que fosse necessário.

Sem avançar mais pormenores, o Presidente disse que vários governos desde 2013 receberam avisos sobre o material.

Libanon Beirut | nach Explosion im Hafenviertel | Emmanuel Macron
Emmanuel Macron, Presidente da França, em Beirute depois das explosõesFoto: Getty Images/AFP/T. Camus

O Presidente libanês explicou que a investigação procurará determinar as condições em que estava armazenado o fertilizante e se a deflagração aconteceu por negligência, acidente ou outra causa.

Investigação em curso

Até o momento, 16 pessoas continuam em regime de prisão preventiva domiciliar. Entre elas, o diretor do porto de Beirute, Hasan Koraytem, como parte das investigações.

Uma fonte das forças armadas libanesas, que pediu para se manter anónima, explicou que há um número maior do que 16 pessoas a ser investigadas, no procedimento que pretende determinar as causas e responsabilidades pela tragédia.

Ainda de acordo com números oficiais, foram mais de 5 mil feridos na sequência da explosão, sendo que 120 estão hospitalizados em estado considerado crítico.

O Líbano vive uma crise económica séria marcada por uma desvalorização sem precedentes da sua moeda, hiperinflação, despedimentos em massa. A situação agravou-se com a pandemia do novo coronavírus, que obrigou as autoridades a confinarem a população durante três meses.

  

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