Laurent Gbagbo "feliz" por regressar à Costa do Marfim
18 de junho de 2021"Estou feliz por voltar à Costa do Marfim e a África após ter sido absolvido" de crimes contra a humanidade pela justiça internacional, sublinhou, citado pela agência AFP.
As primeiras palavras de Laurent Gbagbo após ter aterrado foram para os dirigentes do seu partido, a Frente Popular Marfinense (FPI), depois de ter sido recebido por milhares de apoiantes.
"Fico com as lágrimas nos olhos ao pensar na minha falecida mãe", disse ainda, em referência à morte ocorrida enquanto estava detido em Haia. E acrescentou que terá a oportunidade de fazer um discurso político "mais tarde".
A absolvição em 31 de março, e a "luz verde" do seu opositor, o Presidente Alassane Quattara, em nome da "reconciliação nacional", tornou possível este regresso.
"Gbagbo está aqui"
Pouco depois de descer do avião que viajou desde Bruxelas, Laurent Gbagbo entrou diretamente num carro e seguiu em direção à sua antiga sede de campanha, onde discursou para membros do partido.
Ao longo da viagem milhares de entusiastas gritaram "Gbagbo está aqui" e "Gbagbo está de regresso".
Pouco antes, jornalistas da AFP ouviram tiros e o lançamento de gás lacrimogéneo perto do aeroporto. Ao longo do dia, a polícia interveio naquela zona e surgiram fotos de feridos nas redes sociais, embora não fosse possível confirmar a sua autenticidade.
A recusa de Laurent Gbagbo em aceitar a derrota nas eleições presidenciais de 2010 frente ao atual chefe de Estado, Alassane Ouattara, desencadeou meses de violência que mataram pelo menos 3.000 pessoas e levaram o país à beira da guerra civil.
Mais de uma década fora do país
Laurent Gbagbo foi detido na residência presidencial e passou mais de uma década fora do país, grande parte da qual à espera de julgamento em Haia por crimes de guerra e contra a humanidade.
O ex-Presidente foi libertado há dois anos, mas tem vivido na Bélgica enquanto aguardava o resultado do recurso dos procuradores do TPI. Uma semana após a absolvição de Gbagbo, Ouattara disse que as despesas de viagem do antigo presidente, bem como as da sua família, seriam cobertas pelo Estado.
No entanto, continua a não ser claro o que acontecerá com outras acusações criminais pendentes contra o ex-Presidente na Costa do Marfim. Gbagbo e três dos seus antigos ministros foram condenados a 20 anos de prisão sob acusações de invadirem a sucursal de Abidjan do Banco Central dos Estados da África Ocidental para obterem dinheiro no meio da crise pós-eleitoral em janeiro de 2011.
O Tribunal Penal Internacional confirmou em 31 de março a absolvição, pronunciada em 2019, de Laurent Gbagbo, considerando-o definitivamente inocente de crimes contra a humanidade e abrindo caminho para o seu regresso à Costa do Marfim.