EUA: Donald Trump absolvido em processo de destituição
14 de fevereiro de 2021Pouco mais de um mês passado desde a invasão do Capitólio, que causou cinco mortos, a votação no Senado dos Estados Unidos, que decorreu este sábado (13.02), absolveu Donald Trump. 57 senadores votaram pela absolvição do ex-Presidente, contra 43 que votaram a favor, um resultado que fica abaixo dos dois terços necessários para o 'impeachment' no Senado.
Ainda assim, dos 57 votos a favor da condenação, sete foram de Republicanos, o que representa o maior número de sempre de senadores do partido de um Presidente alvo de destituição.
Donald Trump já se congratulou com o resultado e disse que o seu movimento "ainda agora começou".
Numa extensa declaração, o ex-Presidente agradeceu aos seus advogados e defensores na Câmara e no Senado, e afirmou ter cumprido "orgulhosamente" a Constituição e os "princípios legais sagrados" do país.
Democracia frágil, diz Biden
Quem também já reagiu ao fim do processo foi o atual Presidente norte-americano. "Mesmo que a votação final não tenha resultado numa condenação, os méritos da acusação não estão em disputa", disse Joe Biden.
"Este triste capítulo da nossa história recordou-nos que a democracia é frágil. Que deve ser sempre defendida. Que devemos estar sempre vigilantes", afirmou o Presidente dos Estados Unidos em comunicado.
Ainda no sábado, poucos minutos após o anúncio da absolvição, o líder dos Republicanos no Senado norte-americano, Mitch McConnell, disse que não há "nenhuma dúvida" de que o ex-Presidente foi, "na prática e moralmente, responsável por ter provocado" o ataque ao Capitólio dos EUA.
Porém, McConnell explicou que não votou para a destituição de Trump, porque este "não é constitucionalmente elegível" para tal, porque já não é Presidente.
Segundo o senador, uma condenação teria criado um precedente "perigoso", dando ao Senado o poder de condenar rivais políticos, impedindo-os, assim, de ocuparem futuros cargos.
Por seu lado, o líder Democrata Chuck Schumer disse que o voto para absolver Donald Trump será visto "como um voto de infâmia na história do Senado dos Estados Unidos". E aplaudiu os sete Republicanos que se juntaram à votação dos Democratas para condenar Trump.
Fim do processo
Os Democratas encerraram o caso contra Donald Trump, este sábado (13.02), ao desistirem de um plano de última hora para o depoimento de testemunhas, que poderia ter prolongado o processo e atrasado um veredito.
Democratas e Republicanos acabaram por chegar a um acordo para que fosse registada uma declaração de um legislador Republicano sobre um telefonema acalorado no dia do motim, entre Trump e o líder da minoria na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, segundo a qual os Democratas estabeleceram a indiferença de Trump perante a violência.
Na quinta-feira, os procuradores Democratas pediram a condenação de Trump, mostrando imagens de vídeo que procuravam fazer uma relação direta entre as declarações públicas do ex-Presidente, denunciando fraude eleitoral nas presidenciais de 03 de novembro de 2020, e a ação da multidão que atacou o Capitólio, em 06 de janeiro passado, provocando cinco mortes no próprio dia e ondas de choque que se continuam a fazer sentir.
Na sexta-feira, decorreu a apresentação dos argumentos de defesa, a cargo de uma equipa de três advogados contratados por Trump, que acusaram os Democratas de quererem "vingança política".
No passado dia 13 de janeiro, Donald Trump tornou-se no primeiro Presidente na história dos Estados Unidos a ser alvo de dois processos de 'impeachment'.